quarta-feira, 30 de abril de 2014

A vida de Lewis Shuntz (parte 9)




6 de Abril

Recebi a visita da moça que me atendeu no hospital. O dia estava completamente ensolarado, mas ela usava roupas pretas. Ao entrar, ofereci um copo de água. Quando fui à cozinha, ela já estava sentada diante da mesa, com uma caderneta preta e uma caneta nas mãos. Seus dedos batiam na mesa freneticamente. Fez umas perguntas a respeito de minha saúde, escreveu algo na caderneta. Por fim, me entregou um envelope com mais exames e disse que os entregue antes não eram os meus.




domingo, 27 de abril de 2014

A vida de Lewis Shuntz (parte 8)

4 de Abril


Meus exames não revelaram nenhuma alteração em meu organismo. Minhas tosses só pioram. Meu amigo está cada dia mais preocupado, mas nunca diz nada. E só fica dizendo da Dama de Preto, blá blá blá...




quinta-feira, 24 de abril de 2014

A vida de Lewis Shuntz (parte 7)



1º de Abril


Voltei no hospital para mais exames. A moça estava chorando em um canto, parecia perturbada por algo, mas assim que me viu, se recompôs.



segunda-feira, 21 de abril de 2014

A vida de Lewis Shuntz (parte 6)

30 de Março 


Uma senhora muito bonita me atendeu hoje no hospital. Tinha os cabelos levemente cacheados, pretos, era magra e tinha uma pele muito, muito branca. Devia ter acabado de se formar.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

A vida de Lewis Shuntz (parte 5)


27 de Março


Encontrei os exames esta manhã na lata de lixo. Estavam abertos, grifados em algumas partes - que eu não entendia o significado - e as imagens de minha tomografia haviam sumido. Além de meus amigos, a única pessoa que entrou em casa foi a Ana, a faxineira. Ela sabe que eu procurava por eles, logo não teria jogado fora, muito menos lido.




terça-feira, 15 de abril de 2014

A vida de Lewis Shuntz (parte 4)

26 de Março


Odeio ônibus. Quando mais se precisa deles, eles estragam. Tive que voltar a pé. Cortei caminho por uma rua fechada. Não estava escuro, pois a lua cheia clareava tudo. Um morcego voo acima da minha cabeça e pousou do lado de um ser encostado à porta da Igreja. Estava escuro e o ser usava uma roupa com capuz, devido ao frio. Uma voz de mulher, muito doce e delicada me pediu algo. Dei-lhe uns trocados.





sábado, 12 de abril de 2014

A vida de Lewis Shuntz (parte 3)



23 de Março


A tosse não cessa. Comentei o assunto com meus amigos no bar. Quando íamos embora, um deles me deteve. Olhou-me bem sério e perguntou dos exames. Ninguém sabia do sumiço deles. Ele me alertou para tomar cuidado e achá-los o quanto antes. Quando perguntei para tomar cuidado com o que, ele se virou para ir embora, girou nos calcanhares, voltando para mim, dizendo com uma voz sombria:
"Não sei. Mas reze para que a dama não te encontre."




quarta-feira, 9 de abril de 2014

A vida de Lewis Shuntz (parte 2)


22 de Março


Algo muito estranho aconteceu ontem. Quando apaguei a luz e me deitava, jurei ter visto um vulto. Uma sombra se projetou na parede em frente à minha cama. O mais estranho é que a luz que iluminava fracamente meu quarto vinha da mesma direção que a parede onde a forma apareceu. Vi algo que parecia mãos muito ossudas de tão magras se mexeram. Logo depois, o vulto se fora.





domingo, 6 de abril de 2014

A vida de Lewis Shuntz (parte 1)

20 de março



O mês está demorando a passar. Sinto que a cada dia minha tosse piora. Meus amigos brincam de vez em quando a respeito da dama pálida vestida de negro me fazer uma visita, mas quando digo que me sinto pior, eles mudam de assunto rápido. Por algum sinistro motivo, os resultados dos exames - que, aliás, nem havia aberto - sumiram. Devo encontrá-los em alguns dias.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Limiar

Estou correndo
O vento sibilava em meus ouvidos
e batia em cheio no meu rosto,
afastando meus cabelos
Um baque, um segundo
Não senti mais o chão
A sensação de voar,
a liberdade, o mundo abaixo de mim.
Cheiros e gostos se misturavam;
cheiro de melancia em meu nariz,
gosto de terra em minha boca.
Algo frio atinge minha testa.
Sinto algo escorrendo em meu rosto.
Não há dor,
um sentimento entorpecente
me envolve por completo.
A Escuridão,
que antes eu temia.
E por fim, uma belíssima sensação
de paz que nunca tive.