sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Sombras do passado

Tem uma latinha vazia, perto dos pés de Bruna. Seu rosto está todo molhado de lágrimas.
-Irmão idiota. Irmão idiota. – diz ela chorando e tentando enxugar as lágrimas com a manga do uniforme – Idiota!
Ela dá um grito e chuta a latinha com todas as forças em direção ao rio. Ela continua a soluçar. A latinha voa e faz um barulho diferente ao bater em alguma coisa.
-Ai. Doeu. – diz alguém.
Ela escuta a voz e se apressa a descer o pequeno morro para ver se a pessoa está bem.
-Mil desculpas, você está bem?
Porém o morro era um pouco mais íngreme do que Bruna se lembrava e como ela desceu correndo, perdeu o equilíbrio e desceu aos tropeços. Ela cai perto da margem do rio, e reclama do corpo dolorido pela queda.
-Você está bem? – pergunta o dono da voz.
Ela levanta o rosto na direção da pessoa e vê um garoto que aparenta ter a mesma idade que ela, tem os cabelos castanhos e um pouco magro, e usa roupas informais, como calça e uma blusa clara. Ele oferece a mão para ajudá-la a se levantar do chão.
-Prazer em te conhecer. Sou Peter.
Ela hesita um pouco em pegar na mão dele.
Ela pega na mão de Peter e ele a ajuda a levantar. Ela olha para ele e não o reconhece de lugar nenhum.
-Você não mora aqui, não é?
-Não, eu vim de Londres – responde ele – você se machucou?
-Não – disse Bruna, os olhos enchendo de lágrimas – mas alguém que eu amava morreu.

-Entendo – disse Peter – estamos em situações semelhantes.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A declaração

Bruna encontra com Miki na escada que leva à entrada da casa. Ela está segurando um pedaço de madeira com as duas mãos.
-Miki. Você é a mais suspeita de ser a aluna extra. Eu te odeio desde o dia que decidimos quem seria o aluno ignorado pela turma. Você estava tão calma. Ninguém gosta desse papel da turma B. Você estava disposta a ser ignorada por um ano e isso não te afetou em nada. Eu odeio como você consegue ficar imune a tudo isso. E isso – Bruna começou a correr na direção de Miki – é a maior prova de que você é o morto. Você não liga para nada porque não passa de uma simples boneca sem vida!
Bruna acerta Miki com força. Miki cai no chão e Bruna sobe em cima dela. Um trovão acerta a cozinha e tudo ao redor explode. Bruna é arremessada para longe de Miki.
Miki se levanta, olha para Bruna e fala:
-Eu não sou a morta. Bruna, eu posso ver que você não é o aluno morto. Mas é melhor você sair daqui. Eu preciso fazer uma coisa.

Miki sai para o lado de fora da casa. Peter entra na sala e consegue encontrar Bruna caída no chão. Ele vai socorre-la. 

sábado, 22 de fevereiro de 2014

A chamada

Miguel consegue colocar Lucas em um lugar do lado de fora em que não há tanta chuva. Ele vê o carro do professor Luís chegando. A porta do carro abre e ele corre até o professor.
-Luís. Há vários alunos dentro da casa e o salão de jantar está pegando fogo!
No corredor, Gabriel e a professora conseguem chamar o máximo de alunos. Eles convencem os estudantes a saírem da casa. Porém, ninguém consegue encontrar Tomas.
Miguel coloca Lucas dentro do carro e o garoto começa a acordar.

Alguns alunos saem da casa. 

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Oitava

Peter e Miki encontram uma porta no corredor. Eles abrem a porta e veem uma escada. A escada leva do porão até o sótão. Eles descem um andar, desviando de algumas tábuas caídas e canos velhos. Há diversas coisas penduradas no teto, como fios de energia e algumas cordas. Peter e Miki empurram uma tábua para abrir uma passagem pela escada e a porta de onde eles vieram se abre. Jacqueline surge com o espeto de churrasco e o espeta com força no braço de Peter. Miki anda para trás, sobe alguns degraus da escada em direção ao sótão, mas as tábuas impedem que ela possa ir mais longe. Jacqueline avança correndo na direção da garota. Miki tenta desviar dos ataques de Jacqueline. Jacqueline vira-se para Miki, e ela entra em um emaranhado de fios de energia. Ela começa a afastar os fios e puxá-los com força, tentando escapar.  Ela puxa com bastante força um dos fios que estava preso ao teto. O fio solta da tábua. Ela avança novamente, golpeando Miki com raiva, mas um fio enrosca em sua mão. Ela puxa este fio usando a outra mão. O fio também está preso no teto. Ela puxa o fio novamente para liberar a mão que segura o espeto. Porém, a tábua que segurava alguns dos fios que envolviam Jacqueline desprende do teto e cai atrás de Miki. Os fios são puxados para cima quando a tábua cai e levantam Jacqueline. Miki desce alguns degraus, e Jacqueline aproveita a oportunidade para tentar acertar Miki de cima. Assim que ela estica a mão para jogar o espeto na direção de Miki, o fio enrolado na sua mão solta e os outros começam a apertar seu corpo. Ela puxa os fios novamente, gritando, mas dessa vez os fios não afrouxam. Eles apertam mais seu corpo e ela começa a sentir falta de ar. Um cabo de energia principal preso em três tábuas do teto enrolou em seu pescoço e começa a apertar. Ela tenta desesperadamente se desviar dos cabos. Seu ar está acabando. Ela começa a se debater pendurada. Por fim, ela pára de se mover.
Miki segura o espeto de churrasco.
-Se a pessoa extra morrer, isso significa que a maldição será interrompida, não é?
-Miki, o que você vai fazer?

Ela empurra uma tábua e sobe correndo as escadas. Peter tenta alcançá-la, mas o teto desaba. O corpo de Jacqueline é esmagado contra o chão.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Sétima

Alguns alunos saem de seus quartos e caminham em direção à Miki. Alguns carregam alguns objetos pontiagudos, quebrados ou pesados. Peter e Gabriel ficam no caminho entre alguns alunos e Miki. Miguel vai até Lucas e começa arrastá-lo para fora da casa. A Professora Júlia surge na escada e vai para o lado dos garotos.
-Saia da frente professora. A maldição acabará se matarmos ela – disse um garoto.
-Vocês não têm certeza se ela é o aluno extra! – gritou a professora.
Peter e Miki saem correndo pelo corredor mais vazio. Alguns alunos surgem de dentro dos quartos. Vera tenta segurar Miki, gritando:
-Vou vingar a morte do meu irmão!
Peter e Miki entram em um quarto vazio e fecham a porta. Alguns alunos tentam arrombar a porta, então Peter vai até a janela. Ele consegue passar para o quarto do lado pela beirada da casa e avisa Miki:
-Cuidado. Está chovendo e a beirada está escorregando.

Vera consegue arrombar a porta com a ajuda de outros alunos. Ela vê o quarto vazio. Um relâmpago ilumina o céu e ela corre até a janela. Ela olha para os dois lados e vê Peter ajudando Miki a se movimentar pela beirada da casa. Vera estica a mão para tentar puxar os cabelos de Miki, mas sua perna desliza pela beirada da janela. Ela escorrega, tenta se segurar na beirada, mas sua mão não consegue agarrar nada. Ela cai no chão, batendo a cabeça e quebrando o pescoço. 

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O aviso

Bruna virou-se e saiu correndo.
Então, um som ecoou por toda a casa:
-Este é um recado importante da Responsável pelas Contramedidas. Uma fita irá tocar e ela é um relato sobre o que aconteceu 15 anos atrás, no único ano que a maldição foi interrompida.
A fita toca inteira. Jacque então fala:
-O nome do aluno extra desse ano é Miki Yuki. Sei disso, porque eu estudei com ela quando era mais nova e ela tinha o olho bom nessa época.
Bruna começa a dizer:
-Não, não, o que ela está fazendo?

-Vocês agora sabem o que fazer – continuou Jacqueline – Matem Miki, e todos estaremos salvos.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O verdadeiro desastre está apenas começando

Peter, Miguel e Gabriel estão voltando para o início do corredor e dão de cara com Jacque. Ela está com um espeto de metal de fazer churrasco nas mãos e grita:
-Mandem os mortos para a morte!
Os três garotos olham aterrorizados para ela. Ela vira o rosto na direção da escada e vê Miki ajoelhada, ao lado de Lucas. Ela começa a correr na direção da garota gritando:
-MORRRRRAAAAA!
Peter corre para alcançar Jacque, mas ela dá um chute nele. Miguel consegue passar por ela e dá um empurrão. Ela cai de lado e Miguel pega o espeto de churrasco e o segura com força. Gabriel vai socorrer Peter caído no chão.
Nisso, Bruna aparece no outro corredor. Jacque vê Bruna, e corre em direção dela. Ela sussurra no ouvido de Bruna:
-Miki é o aluno extra.
E sai correndo.
Peter olha para Bruna e pergunta:
-Mandem os mortos para a morte? Por que a Jacqueline sabe sobre isso?
Bruna olha para os rapazes e para Miki no final da escada.
-Vera me contou que encontrou com vocês. Depois fui atrás de Gabriel para saber do que se tratava. Jacque estava comigo. Nós duas escutamos a fita.
-E por que Jacqueline pensa que Miki é o aluno extra? – perguntou Miguel.

-Depois disso, - continuou Bruna - lembrei-me que estudei com Yuki quando era mais nova, mas a Yuki não tinha um olho diferente do outro... e Miki Yuki que estuda conosco perdeu um olho quando ela era muito nova. Jacque está um pouco atormentada... eu vou atrás dela.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Fogo

Lucas e Peter vão até o lado de fora e encontram Lucas. Peter se aproxima e descobre que Lucas ainda está respirando.
-Miguel, me ajude aqui. Lucas está bem, só precisa de um médico.
Miguel se aproxima de Lucas, se ajoelha perto do garoto. Lucas começa a abrir os olhos e vê Miguel.
-Lucas, ainda bem que você está vivo. Me desculpe pelo que eu disse e pelo que eu fiz.

A chuva começa a apertar e os dois garotos começam a carregar Lucas.

Depois disso, Peter e Miguel deixam Lucas no salão da casa. Miki se aproxima de Lucas. Bruna desce por uma escada e vê Lucas recobrando a consciência perto da base da escada. Ela se aproxima de Miki e Lucas e verifica se o garoto está bem. Miguel e Peter correm até o quarto, mas Gabriel está esperando por eles, com uma cara um pouco aterrorizada.
-Sumiu. A fita com o gravador sumiu.
Enquanto isso, Bruna escuta um estalo vindo do salão onde eles jantaram mais cedo. Ela se aproxima do salão e vê tudo em chamas.
Ela grita, chamando pelos garotos. Peter escuta Bruna gritando e vem correndo na direção do som. Ela fala que o salão de jantar está pegando fogo.
Peter corre para cima e encontra com os garotos. Na hora que ele vai falar, outro trovão risca o céu e o barulho atrapalha. Ele fala que o salão está pegando fogo e os três correm pelo corredor para avisar aos alunos sobre o incêndio. Bruna corre para o outro corredor e avisar os outros alunos. Ela entra no seu quarto para procurar Jacque, mas não encontra a amiga. Ela fica desesperada, e sai gritando pela amiga, procurando em todos os outros quartos. 

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O passado

Bruna e Jacqueline estão conversando no quarto.
-Quando eu estava no ensino fundamental, havia uma garota muito parecida com ela – disse Bruna.
-Você está falando da Miki? – perguntou Jacque.
-Sim.
-Eu não estudei na mesma classe, mas lembro-me muito bem que tinha uma garota com o nome Yuki – disse Jacque – e isso é muito estranho, pois pelo endereço da casa dela, Miki Yuki não deveria ter sido da sua classe, na escola onde você estudava.
-Eu sei, isso é muito estranho. – respondeu Bruna.
- Naquela época a Yuki costumava usar um tapa olho?
Bruna, que estava de frente para a janela, observando a chuva enquanto pensava, levantou um olhar com a resposta na mente.
-Não! A Miki Yuki da nossa sala perdeu o olho quando ela tinha 4 anos.

-O que? – perguntou Jacque levantando o olhar para Bruna – Isso então quer dizer que...

domingo, 2 de fevereiro de 2014

uma cena inacreditável

-Peter, Miki. Pode parecer repentino, mas vocês se lembram de um garoto chamado Lucas? Poderiam descrevê-lo?
-Do que você está falando Miguel? Lucas é nosso representante de turma. Ele usa óculos e tem cabelo preto. E é seu amigo de infância.
Miguel fica mais desesperado. Ele desaba, sentando-se no chão.
-Isso é ruim, isso é ruim.
-Ruim? – pergunta Peter.
-Acho que cometi um erro.
-Erro? – pergunta Peter, achando tudo estranho.
-Eu... Eu. Estava conversando com Lucas, e ele começou a agir de forma estranha. E aí, eu o matei!
Miguel começa a chorar desesperadamente.
-Eu perguntei para ele algumas coisas e ele disse que não se lembrava de nossas brincadeiras de infância, nem nada. Me ocorreu que ele poderia ser o extra. Então, perguntei se ele era o verdadeiro Lucas, ele ficou nervoso e começou a tentar me bater. Eu o empurrei para longe, ele escorregou em algo e caiu da sacada do quarto. Quando olhei para baixo, ele estava imóvel no chão. Eu sei que se o extra morrer a existência dele será apagada, mas vocês dizem que o conhecem, então eu cometi um terrível engano.
-Bom, talvez ele ainda não esteja morto – disse Miki – apesar de ele ter caído do segundo andar, ele pode ter apenas desmaiado. E você não foi checar pessoalmente se ele estava morto.
Uma pequena esperança iluminou nos olhos de Miguel.
-vamos olha o Lucas, Miguel – disse Peter.
-Peter, Miguel – disse Miki aos garotos – o extra não é Lucas.

Enquanto eles vão em direção ao lado de fora da escola para verificar se Lucas estava vivo, Peter estava pensando que o motivo pelo qual Miguel pensou que Lucas poderia ser o morto era errado. Afinal, o morto tem memórias e não sabe que estaria morto.