terça-feira, 9 de julho de 2013

Rua

A garota saiu da aula, pegou o ônibus e desceu no ponto próximo à sua casa. Porém, "próximo" significa no mínimo 10 minutos andando em passos rápidos.
De dia a rua é sempre movimentada. À noite também. Porém, naquela dia em especial, não havia movimento nenhum na rua. A rua estava totalmente deserta, com exceção de um carro parado em frente à uma casa.
A menina engoliu seco, tirou os fones e guardou-os no bolso. Ela começou a caminhar, olhando para todos os lados, todas as esquinas por onde passava. Depois de passar por três postes de luz, ela ouviu risadinhas atrás de si. Ela virou rapidamente o corpo na direção dos sons, mas só conseguiu ver formas brancas que tremeram e desapareceram em poucos segundos.
Depois disso, o primeiro poste de luz pelo qual ela tinha passado apagou de repente. Depois, uma a uma, as luzes dos postes foram se apagando. Apenas um poste permaneceu aceso, em frente à sua casa. A luz piscava em intervalos de dois segundos.
O coração apertou, a garota sentiu sua garganta secar e ela começou a acelerar o passo, os olhos fixos na luz que piscava. Ela desviou os olhos para a esquina e viu. A moça de cabelos longos, olhos vazios e vestido branco estava ali. De novo. Sua garganta fechou um grito. Seus olhos se encheram de lágrimas. Ela sentiu a mão tremer de medo. Ela demorou-se a conseguir a dar o primeiro passo para sair do lugar. O medo foi tomando sua mente. Ela tremeu ao ver a sombra do carro mudar de forma.
Chegando próximo ao poste que piscava, ela tornou a acelerar.
A luz apagou. Sua respiração parou. Ela olhou aflita em todas as direções. A luz tornou a acender. Ela deu outro passo. A luz apagou. Ela pisou em algo diferente. Seu erro foi olhar para baixo e tentar enxergar o que era.
A luz acendeu ao mesmo tempo que ela levantou os olhos. Embaixo do poste surgiu um homem de chapéu e sobretudo branco.
A garota congelou. Os olhos ficaram vidrados na imagem à sua frente. A luz apagou, o homem desapareceu. Ela ouviu novamente as risadinhas. Ela olhou para trás, viu as formas desaparecendo ao longe, a mulher e o homem de branco com as roupas balançando sem vento algum. Todos os postes apagados acenderam e foram apagando um a um novamente. O olhar apavorado dela acompanhou a rua escurecendo novamente.
Por fim, o poste em frente à sua casa foi o último a apagar. Um grito se ouviu. A garota não sabia se o grito foi o dela ou outro grito se misturou ao dela.
Ela começou a correr...

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