sexta-feira, 27 de julho de 2012

Amanhecer


Na escola, Peter é apresentado ao professor Tetsuo e à professora assistente, Júlia. Eles o levam pelos corredores até chegar à sua sala, a classe B. Ele se apresenta à turma e percebe que Bruna não está na sala. O professor Tetsuo indica uma carteira situada mais ou menos no meio da classe e fala:
- Faremos o possível para que todos possam se graduar em março.
 Ao se sentar, Peter nota Miki, na última carteira, perto da janela. Ele nota também que a turma inteira é muito quieta. Isso é normal quando as pessoas não se conhecem, mas já se passou quase um trimestre desde o início das aulas. Além disso, todos falam que se graduar é uma tarefa quase impossível. As aulas foram um pouco entediantes, somada com a estranha quietude da sala, Peter começa a ficar sonolento. Bate o sinal do intervalo. Seus colegas vão conversar com ele e o enchem de perguntas:
Como foi no hospital? O que você acha dessa cidade, comparada com Londres? É verdade que seu pai é um professor em uma pesquisa no Canadá? Como era sua antiga escola? Aqui é mais frio ou mais quente? Você acha aqui muito barulhento? Em cidades pequenas não acontece nada, não, é? Você gosta da professora Júlia? Gosta de mulheres mais velhas e inteligentes? Que tipo de mulheres você gosta?
Peter olha para a mesa onde Miki estava, e nota que a mesa é um pouco velha e rabiscada. Lucas pergunta se algo o incomoda. Peter apenas responde:
-Eu estava procurando a outra garota que me visitou, a Bruna. Ela não veio às aulas hoje?
-Parece que não veio – responde Lucas.
- Ei, como está na hora do almoço, quer que lhe apresentamos a escola? – perguntou um garoto alegre, com cabelo claro – Eu sou Miguel.
- A sim, adoraria. É muito ruim não conhecer nada na escola nova.

Após Miguel e Lucas mostrarem a escola, Peter fala:
-Ei Miguel, parece que você e Lucas são bem próximos.
-Exatamente – respondeu Miguel – eu e Lucas nos conhecemos desde o jardim de infância, e sempre estudamos juntos.
- É mesmo – disse Lucas – o Miguel era chato e não cresceu muito em maturidade.
- Em compensação, você ficou um nerd muito chato e sério, Lucas – respondeu Miguel.

Porém a conversa tomou outro rumo, pois Miguel, com uma cara muito séria, perguntou a Peter:
- Você acredita em fantasmas, espíritos, maldição, essas coisas, Peter?
- E visões sobrenaturais – acrescentou Lucas, num tom um tanto quanto sombrio – mas não apenas nisso, mas também em poderes psíquicos, coisas que são atualmente inexplicáveis através de métodos científicos.
- Bom – respondeu Peter, um pouco assustado – eu basicamente não acredito em nada disso.
- Não importa o que acontecer? – perguntou Lucas.
- Acho que... – responde Peter, um pouco apreensivo – se algo surgisse na minha frente, e se houvesse alguma evidência provando a “identidade” desse algo, talvez...
Lucas e Miguel trocaram olhares um pouco angustiados e sombrios. Peter, não gostando do nível da conversa, despediu-se dos dois e ando pelo corredor. Lucas e Miguel não entenderam porque ele saiu andando, e ficaram se perguntando por que ele se foi.
Peter saiu do prédio e viu Miki sentada num banco embaixo de uma árvore do jardim da escola. Ela estava com uma cara de indiferença a tudo, segurando um livro. Peter chegou perto dela:
-Oi. Eu sou Peter, sou novo aluno na sua classe, então...
Ela olhou friamente para ele, levantou-se e falou com ele:
- É melhor você tomar cuidado.
E então fechou o livro e saiu andando.
-Hey, o que você está fazendo? – perguntou Miguel, da porta do prédio – o sinal já tocou, nós vamos nos atrasar para a aula de educação física.

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