terça-feira, 21 de agosto de 2012

Garoar


Ele desceu as escadas, pegou suas coisas e percebeu que uma chuva fina estava caindo. Sua avó o busca na escola com o carro. Peter está no banco, olhando pensativamente para a rua. Sua avó inicia uma conversa típica de primeiro dia de aula:
- Você está se dando bem com seus colegas?
- Sim – foi a resposta de Peter.
Nesse momento, Peter nota Miki na calçada, embaixo da chuva. Ela parece olhar para cima, com uma expressão no rosto próxima de agradecimento. Como se não importasse. Peter a acompanha com os olhos enquanto pode. Sua avó pergunta se há algo errado, e ele responde que não. Ele continua olhando para Miki, até ela sumir de vista.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Ventar


- Seu nome é Peter, estou certa?
- Sim – responde ele.
-Seus colegas não te contaram?
Um trovão é ouvido ao longe. A pergunta pegou Peter desprevenido. Aquela era a segunda pessoa que fazia uma pergunta semelhante a ele naquele dia.
- O que? – pergunta ele.
- Seu nome está associado com a morte – Responde Miki – Mas não uma morte qualquer. Está associado a uma morte cruel e irracional, tendo a escola como palco. Nessa escola, em especial a nossa classe, a turma B da 9ª série, está mais próxima da morte do que as outras turmas.
-Morte?
O céu foi escurecendo à medida que Miki falava, como se as nuvens soubessem do que se tratava.
-Você não sabe de nada? Não te contaram ainda? Ninguém te contou?
-Sobre? – pergunta Peter.
-você logo descobrirá – respondeu Miki – já pode ter começado.
Os corvos que estavam pousados na caixa de água bateram asas e voaram para longe. O vento soprou gelado dessa vez, e fez com que os cabelos da nuca de Peter se arrepiassem. As nuvens agora estão mais escuras e pesadas, indicando que uma forte chuva virá. Os raios continuam trovejando, mas agora estão um pouco distantes. Ela olha bem séria para Peter:
- É melhor você não se aproximar novamente. Você não deve falar comigo de novo.
-Por quê?
-Você logo descobrirá. Adeus.
Ela sai andando, passa por ele e vira um pouco o rosto para vê-lo. Ela abre a porta que a levará para a escada, olha mais uma vez para trás e fecha a porta atrás de si. Peter ficou olhando por um período de tempo para a porta fechada, sem entender, e cheio de perguntas sem respostas. O dia escureceu tanto que parece que a noite chegou mais cedo do que devia.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Farfalhar


Peter sobe 3 lances de escada muito rápido e fica ofegante. Ele encontra a porta que dá no telhado e vê uma pessoa ao longe.
É Miki. Ela está desenhando em uma prancheta e olhando a escola. Dali, de onde ela se encontra, pode-se ver o pátio onde as aulas de educação física são realizadas e o prédio antigo da escola.
-Miki, por que você está aqui? Não podemos ficar no telhado, é contra as regras. E por que você não estava na aula de Educação Física?
-Não podemos ficar aqui? – pergunta Miki – entretanto, não há motivos para eu ficar lá embaixo na aula de Educação Física. E você? Não é contra as regras você estar aqui agora?
Peter se assusta com a pergunta.
-Não sei – ele olha para os lados – o que você está desenhando?
Ela esconde sua prancheta atrás de si. Peter fica sem graça.
- Você se lembra de quando nos encontramos no hospital semana passada? – pergunta Peter.
Miki balança a cabeça negativamente.
-Nós nos encontramos no elevador. Você estava segurando uma boneca e foi até o subsolo. Você tinha dito que precisava entregá-la a alguém. A quem você ia entregar a boneca no subsolo? O que mais você estava fazendo lá naquele dia?
- Eu não gosto de interrogatórios – disse Miki – a maneira com que você pergunta me irrita.
- Desculpe. Não quero te forçar a responder minhas perguntas – disse Peter.
Um vento frio soprou perto deles, balançando os cabelos de Miki. Esse mesmo vento fez as folhas farfalharem, o que chamou a atenção dela. Ela se virou para onde estava olhando anteriormente e arrumou os cabelos perto da orelha.
- Naquele dia – começou ela – aconteceu algo muito triste.
O vento continuou soprando.