Peter Pan, um garoto que não quis crescer. Leva Wendy, João e Miguel para a Terra do Nunca, onde há sereias, índios e piratas, como o vilão Capitão Gancho. A única coisa que Gancho teme é o crocodilo que comeu sua mão e engoliu um relógio, que faz um ruidoso "Tic Tac Tic Tac" de dentro da fera. Alice persegue um coelho branco de colete vermelho e relógio até cair num buraco e entrar no País das Maravilhas, onde há um gato que desaparece, um Chapeleiro Louco, uma Lebre Maluca, ratos guerreiros. Uma rainha louca que manda e desmanda e adora ver uma cabeça rolar. Pedro, Lúcia, Edmundo, Susana, Eustáquio e Jill, por meio de magia vão para Nárnia, onde há um bondoso Leão e inúmeros vilões e aventuras. Mas, o que essas 3 histórias, tão diferentes fazem reunidas? O que elas têm em comum? Eu me pergunto todo dia "Por que Wendy, Alice e Lúcia voltaram? Por que não ficaram no mundo maravilhoso diante delas e voltaram para a vida que levavam?" São todas crianças. Não queriam adentrar no universo confuso e tortuoso que é o mundo dos adultos. O Crocodilo corria atrás do Gancho, não atrás do menino que não crescia. Lá estava o tempo correndo atrás do adulto, algo que Peter Pan jamais seria. Lá estavam as obrigações perseguindo o pobre adulto, materializada para sempre em um crocodilo. Quem sabe, Gancho não é apenas Peter Pan crescido, mas inconformado? O Coelho Branco sempre dizendo "Estou atrasado, estou atrasado. Está na hora, está na hora." Empurrando para a pobre Alice o início do desespero do mundo que a esperava, o mundo que ela não podia escapar. A difícil batalha contra uma bruxa má. A fuga do navio pirata. A confusão dos tamanhos de Alice. Um chá infinito, animais falantes, sereias. Tudo faz parte da infância. Todas as aventuras infantis, que nos fizeram desejar nunca crescer, como Peter Pan, nunca sair do mundo, como Lúcia, de enfrentar o mundo adulto com inocência, como Alice. O mundo adulto é real e chato. Não tem aventuras, não tem magia nem fantasia. Tudo tem hora, tudo é sério. Os sentimentos atrapalham tudo. Você tem que enganá-los para que não ocorra o contrário. Se eu fosse Lúcia, nunca teria saído de Nárnia e entrado novamente no Guarda-roupa. Se fosse Wendy, não voltaria ao meu quarto para crescer. Se fosse Alice, não teria voltado à chata lição com livros sem figuras. Eu teria ficado e lutado por reinos, brincado com os meninos perdidos e tomado chá para sempre. O Chapeleiro quer que eu fique no País das Maravilhas. Peter Pan não quer que eu saia da Terra do Nunca. Eu não quero sair de Nárnia, nem de Wonderland nem de Neverland. São a minha casa. Mas o Coelho Branco, o Crocodilo e o Leão me puxam com mais força. Acordo de um sonho estranho, no meu quarto, a porta do guarda-roupa aberta. Não! Eu quero voltar! Mas agora é tarde. Eu cresci. E um adulto não é bem vindo ao mundo infantil. Ele não tem tempo, vive cansado e trabalhando. Mas é só fechar os olhos que eles estão lá. O Chapeleiro Louco sorri ao me ver e me oferece uma xícara de chá. Sininho joga um pouco do seu pó em mim e eu levanto do chão. Os anões e centauros querem me contar o que aconteceu. As cartas já pintaram as rosas de vermelho, o Capitão Gancho continua a perseguir Peter Pan. O Gato sorri e desaparece. Pronto, a realidade se torna menos chata.
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