O professor deu a última a aula da semana e eu espreguicei na minha cadeira. Estava exausta hoje e a última coisa que estava nos meus planos era estudar uma tarde inteira, para desespero de Yuki. Eu não consegui treinar direito o TKD essa semana e queria praticar umas sequências antes que elas começassem a me confundir. Porém, Yuki me lançava um olhar de dúvida e confuso durante as aulas, então no fim das contas decidi estudar com ela um pouco nessa tarde. Além do treino, eu gostaria de me divertir um pouco ou relaxar nesse fim de semana. Enquanto guardava meus materiais na mochila, dei por falta da minha fita de cabelo e lembrei que ela ainda estava com o Ray. Isso explica porque ele ocasionalmente me olhava com desejo, especialmente no fim das aulas. Então Emma, por que não hoje?
- Por favor Emma, me ajude com esse ciclo. Juro que hoje não terminamos muito tarde - Yuki implorava. Era impossível dizer não à ela nessas horas.
- Tudo bem Yuki, tudo bem, mas só esse ciclo ein? Preciso aprender umas sequências difíceis até meu próximo exame, então vou começar hoje à tarde.
- Obrigada Emma - ela sorriu, acho que pela primeira vez um sorriso mais genuíno.
Observei os meninos saindo de seus lugares, atrás de mim e se encaminhado para a saída.
- Te encontro na saída do prédio, Yuki?
- Sim! Vou só perguntar umas coisas para o professor antes dele ir embora, já te alcanço.
Corri pelo corredor e me coloquei de frente para os dois. Enquanto Ray claramente buscava saber se eu estava usando sutiã hoje (claro que sim, só uma doida para usar blusa branca sem sutiã), Phill deve ter percebido que eu queria falar alguma coisa e anunciou:
- Vou indo na frente Ray, te encontro na portaria, tudo bem? - e sumiu para além do corredor.
- Ei Emma, precisa de algo? - ele perguntou, o tom levemente irônico na voz.
- Ei ei Ray! Lembrei que minha fita de cabelo ainda está com você - ele abriu o mesmo sorriso malvado que usou no primeiro dia de aula - Será que posso pegá-la com você na sua casa hoje, no fim da tarde?
Seu sorriso se desfez um pouco, o que para mim foi uma surpresa. Ele tinha comentado semana passada que sua mãe estava viajando, será que ela tinha voltado?
- O que foi? Sua mãe voltou da viagem? Phill vai ficar na sua casa hoje?
- Não, não é essa a questão. Com o Phill é tranquilo. E, bom, minha mãe volta nesse fim de semana, então....
Ah, já sei, talvez ele não queira que eu vá na casa dele e cause um mal entendido com a mãe. Faz sentido.
- Você pode entregar minha fita de cabelo na minha casa então? Lembra como chegar lá? - Sua expressão mudou rapidamente para o sorriso de há poucos segundos atrás.
- Lembro sim - ele continuou com o sorriso.
- Ótimo! Quando chegar, só tocar no 202. Depois das 19h vou estar livre - pisquei para ele e fui embora encontrar com Yuki na entrada.
*****
- Ei ei Yuki, qual a dúvida que você estava tendo na aula?
- Dúvida? - ela perguntou, com a mesma expressão que me olhou durante as aulas.
- É, você me olhou umas 3 vezes durante a aula.
- Ah sim... - ela parecia um pouco aérea, como se não lembrasse da aula de hoje - eu estou com dúvida nessa parte aqui - ela apontou para uma ilustração do livro.
- Err, essa é a parte que o professor falou que a gente não precisava se preocupar porque não cai na prova - eu respondi. Ela corou.
- Tem certeza Emma?
- Tenho sim. Até anotei aqui no caderno.
Ela olhou minhas anotações e as dela e parecia um pouco confusa. Mesmo sentando na frente e eu mais no fundo da sala, uma vez ou outra ela perdia uma informação importante, mas acho que isso acontece porque ela tenta anotar tudo que os professores falam. Deve acabar escapando uma explicação.
Após estudar o ciclo em questão que prometi que estudaríamos juntas, me despedi de Yuki e deixei-a na biblioteca, com os livros e cadernos. Peguei o caminho mais longo para ir para casa, aproveitando que é mais arborizado e com o tempo mais agradável. Eu não precisava pegar o sol de 3h da tarde hoje e poderia me dar ao luxo de correr por um caminho mais tranquilo. Correr e treinar sempre me ajudava a colocar os pensamentos no lugar e a processar tudo que eu estudei. A sensação que eu sempre tive é que se eu não fizesse nenhuma atividade depois de estudar, era como se fosse um dia perdido.
Chegando em casa, coloquei minha roupa na máquina de lavar e troquei para um top e um short mais leve e confortável para treinar minhas sequências de chutes e socos. Apesar de ter dito à Yuki que meu exame de faixa estava chegando, ainda faltava uns 2 meses para a data, mas dois meses passam muito rápido, especialmente quando não se treina com a frequência e intensidade necessária. É a mesma coisa de estudar para as provas na faculdade, se a gente não estuda um pouco todos os dias, não vai estar bem preparado, não importa quantos dias tivemos para aprender.
Perdi completamente a noção do tempo até que ouvi a campainha tocar. Já tinha passado das 7 da noite e eu não vi nem o céu escurecendo nem a fome vindo. Ray já estava na minha porta e eu estava suada, suja, com roupa de treino e sem nada para comer ainda. Pelo visto, ele vai ter que esperar um pouco. A campainha tocou novamente.
- Sim?
- Ei Emma, trouxe sua fita de cabelo - respondeu Ray pelo interfone.
- Já vou abrir.
Liberei o portão e esperei o tempo que era necessário para a pessoa subir até o segundo andar e abri minha porta. Ray estava parado na frente, porém sem o moletom de sempre. Ele segurava minha fita de cabelo entre os dedos, mas parecia receoso de entrar, e também surpreso, provavelmente com minha aparência.
- Ei ei Ray, entre.
- Estava treinando, senhorita Emma?
- O que me entregou? - eu perguntei com ironia - minha cara vermelha, meu suor, eu estar descabelada ou meu top e meu short?
Ele riu enquanto entrava em meu apartamento. Ofereci a cadeira à mesa para ele sentar.
- Água?
- Não, obrigado. Quer terminar seus treinos?
- Já terminei. Ou pelo menos meu saco de pancada está terminado - meu saco de pancadas estava ficando velho e gasto logo precisaria ser substituído. Já seria o segundo esse ano.
- Está com fome Ray? Se importa se eu tomar um banho enquanto minha janta esquenta?
- Eu lanchei com Phill antes de vir para cá, não se preocupe Emma, pode terminar suas coisas com calma.
A voz de Ray era um pouco grave e calma. Seus cabelos pretos estavam desfiados e um pouco rebeldes hoje. Deixei minha janta esquentando no micro-ondas e fui ao banheiro. A melhor parte era poder tomar um banho quentinho após os treinos, isso renovava minhas energias e melhorava consideravelmente meu restinho de dia. Coloquei um short e uma blusa e fui para a sala, onde Ray continuava aguardando, mexendo no celular. Peguei meu jantar, sentei à mesa e coloquei um copo com água para ele. Eu estava muito curiosa quanto a ele, onde ele estudou e tudo mais. Mas foi ele quem perguntou primeiro:
- Ei Emma, você mora sozinha? - ele é observador.
- Sim, meus pais me mantém aqui para eu poder estudar. Pouco antes de começar o ensino médio, meu treinador sugeriu me mandar para outra cidade, para que eu pudesse treinar em uma academia mais equipada, onde eu poderia participar de competições mais sérias de TKD. Meus pais sabem que meu futuro sempre esteve atrelado aos esportes, então eles estavam felizes em ver que eu estaria mais perto do meu sonho, mesmo longe de casa - eu expliquei - Como você desconfiou?
- Sua casa tem poucas coisas, e tudo parece ser somente seu, deduzi que você deveria morar só. E também na semana passada, você estava com medo de que o idiota pudesse vir à sua casa - ele respondeu.
Se o Ray começou, então eu poderia perguntar também:
- Você só leva as meninas para seu quarto quando seus pais não estão? Ou eles não vêem problema?
Ray pareceu ficar desconfortável na cadeira.
- Minha mãe não interfere nos meus relacionamentos. E.... - ele claramente não queria falar alguma coisa. Ah, mas eu ia saber.
- E...?
- Bom, não tem porque esconder isso de você, não é mesmo? Mas eu não levo nenhuma garota para minha casa, especialmente meu quarto. Você foi a única.
Eu não consegui conter minha surpresa. Além do que tinha acontecido na festa da semana anterior, essa informação explicava a forma que Ray estava agindo naquele dia, e porque ele, que não escondeu seu desejo por mim durante a semana, estava tão desconfortável naquela hora, e, especialmente, a respeito da conversa que ele teve quando Phill chegou.
- Que pena que a primeira garota que você levou para sua cama não era sua namorada - eu disse, sendo sincera.
- Não me arrependo - ele respondeu e eu sorri.
- A próxima garota que você levar vai ser sua namorada então - eu pisquei para ele. Só espero que ele não entenda isso como um pedido meu de namoro, ia ser estranho.
- Sim, espero que sim - ele riu.
Eu terminei minha janta e fui para a cozinha lavar a louça. Enquanto enxaguava meu prato, senti um cheiro forte de laranja. Senti Ray amarrando a fita nos meus cabelos, e sussurrou no meu ouvido, me fazendo arrepiar.
- Ei Emma, larga essa louça ai - Ele tinha se aproximado mais de mim.
Eu ri e mostrei a língua, o que parece ter divertido ele. Desliguei a torneira da pia e senti suas mãos em minha cintura, por baixo da blusa. Apressado. Ele virou meu corpo de frente para o seu e me puxou para sua direção.
- Eu estou a semana inteira querendo transar com você Emma - ele se aproximou novamente do meu ouvido e pude sentir novamente o cheiro de laranja vindo dele. Sua voz arrepiou minha nuca.
- Deixei você impaciente, foi? - eu ri dele.
- Deixou - ele respondeu e avançou para me beijar. Dessa vez um beijo sem receios, sem medo, direto e cheio de desejo. Suas mãos não hesitaram em avançar por baixo da minha roupa, apalpando meus peitos e minha cintura, e eu também não me segurei, queria tirar a blusa dele logo. O cheiro de laranja de Ray me excitava demais para eu tentar ser boazinha naquele momento e ali eu não precisava me segurar. Ele parou para respirar, ofereci novamente um copo de água e dessa vez ele aceitou. Ray bebia da água e me observava enquanto eu checava as portas, janelas e cortinas de casa. Eu sempre fazia isso antes de dormir, como um ritual.
Ele deixou o copo na pia e me beijou novamente, me deitando no sofá, como se o beijo anterior não tivesse sido o suficiente para sentir meu gosto. Ali mesmo ele tirou minha blusa e começou a descer os beijos em direção aos meus peitos. Enquanto ele se demorava em meu cólo, o seu cheiro estava me embriagando naturalmente, e eu me permiti fechar os olhos enquanto aproveitava seu toque. Ele queria tirar meu short e minha calcinha logo e eu queria com mesma urgência. Ele me levantou e eu entrelacei minhas pernas em volta de sua cintura, enquanto o beijava.
- Onde é o seu quarto Emma? - ele perguntou baixo em meu ouvido, só para me fazer arrepiar mais ainda.
- É na porta que está aberta naquele corredor - apontei para ele.
Ele me carregou em direção ao quarto enquanto eu respirava aquele cheiro entorpecente.