segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Tour pela morte

Atravessei a imensa porta junto com um grupo que veio comigo. Ela era ornamentada com caveiras, ossos, que pareciam muito velhos. Não possuía fechadura, nem tranca, nem nada. Depois da porta, havia quatro portas guardadas por dois esqueletos uniformizados, e outras duas grandes portas, guardadas por quatro esqueletos. Havia uma espécie de guia levando as pessoas às quatro portas. Quando uma pessoa não entrava em nenhuma das quatro, sentava em um banco de ossos ressecados, mas que eram rígidos como diamante. Quando um grupo se formou, inclusive eu fazia parte dele, fomos visitar o interior das quatro portas.


O primeiro era um belo campo verde, com uma luz tão forte iluminando, que jurei ser a do Sol. Havia árvores grandes, verdes e cheias de frutos, por onde a vista alcançava. Pessoas que eram completamente diferentes umas das outras estava sentadas a uma mesa, conversavam animadamente, bebiam, comiam, brincavam. O cheiro de churrasco pairava no ar. Aqui ficam os heróis antigos e os da época de vocês, disse o guia, pessoas que fizeram algo de bom ao mundo. Os Campos Elísios.


O segundo lugar era completamente escuro e extenso. Uma espécie de gruta gigante, com o chão de grama. Porém a grama estava seca, pisoteada por, acredito, mais de trinta séculos de gente morta. Pessoas vagueando sem rumo, num silêncio mortal, sem trombarem. Parecia um show de rock cancelado pela falta de luz, mas os espectadores não perceberam. Aqui ficam as pessoas que simplesmente viveram. Fomos à terceira porta e deixamos os Campos de Asfódelos.


Os Campos da Punição era terrível. Ouvia e via-se pessoas chorando, lutando, agonizando. Um homem tentava tampar um buraco, mas cada vez que o buraco era tampado, ele tinha que tampar o mesmo que ele havia feito. Outro ficava cortando uma árvore, e quando esta caía, virava fuligem, e outra surgia bem na sua frente. Havia cães infernais, esqueletos e outras criaturas do Mundo Inferior aterrorizando a todos.


A quarta porta era na verdade, uma outra porta que dava nos Elísios, mas em uma ilha. A Ilha dos Abençoados, como era chamada, era destinada aos heróis que voltavam à terra de alguma forma e retornavam ao Elísio mais duas vezes ao morrer. Era muito melhor mil vezes.


Faltavam apenas duas portas. Entrei em uma sem ninguém me ver.


Entre na porta da esquerda
Entre na porta da direita

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