quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A Travessia

Por que esse homem está na minha frente, dentro de um barco?Por que pessoas que eu nunca vi na minha vida - mas de certa forma são parecidas comigo - embarcam e nunca mais voltam?

Tudo cheira a morte. Tudo ao redor é angústia. Tristeza é a única coisa visível nos olhos das pessoas. O rio quase não se movimenta e ouço lamentos ao invés do barulho da água. A areia próxima à margem é mais fina e tem um cheiro fétido. Quanto mais longe da água, mais grossa a areia, até eu perceber que ela é feita de ossos.

Onde estou? Quem são essas pessoas? Por que todas, apesar de tão diferentes, são parecidas? Essas perguntas e outras estão voando pela minha mente.

O barqueiro voltou e algo pesado surgiu em minhas mãos. Uma moeda de ouro entalhada com desenhos muito antigos, mas de nenhuma civilização específica.

O estranho barqueiro pareceu, por uma fração de segundo, se iluminar com a moeda em minhas mãos. Alguém do meu lado disse algo em outra língua, mas de algum jeito eu entendi. Entregue ao barqueiro. Vá.

Fui ao barqueiro e entreguei-lhe a moeda. Ele guia o barco em um rio formado por almas tristes e desconsoladas.

Me aproximo de uma porta imensa, pessoas andam sem rumo após passarem por ela. Sinto o cheiro de grama morta (...).

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