sexta-feira, 13 de setembro de 2013

1980

Aula de artes. Peter está com um lápis nas mãos, mas não consegue se concentrar em desenhar o busto que está a sua frente. Ele está encucado, porque Miki desapareceu novamente.
-Ah, por que a Júlia tirou o dia de folga? – lamenta Gabriel – ela não parecia tão bem hoje. Ei, Peter, você acha que a professora Júlia está com alguma doença muito grave?
-Não, tenho certeza que ela está bem. – responde.
-Ah, você deve estar certo.  – responde Gabriel, voltando a se concentrar em seu desenho.
-Mas por que você está tão preocupado? – pergunta Peter.
-Depois do ocorrido com a Laura, e ontem, o que aconteceu com Débora, a irmã do João, eu apenas...
Peter se aproxima de Gabriel.
-As mortes delas estão relacionadas? Supondo que se acontecesse algo com a professora Júlia, haveria algum tipo de relação?
-Er, bem, sobre isso... – começa a gaguejar Gabriel.
Peter deu um suspiro. Ele afasta seu papel em branco e se levanta. Basta. Ele está escondendo alguma coisa. Ele sai andando em direção à porta.
-Peter, onde você está indo? – pergunta Gabriel.
-Vou investigar uma coisa.
Peter vai até a biblioteca auxiliar. Ela continua com o mesmo aspecto de antes. Ela continua pouco iluminada, com as luzes apagadas. A pouca luz vem das janelas, que agora estão fechadas. Porém, a luz é suficiente para que ele consiga achar o livro que procurava e olhar o que esperava.
Ele põe o livro que contém o anuário de 1980 em cima de uma das mesas da pequena biblioteca. Ele senta na cadeira e abre o livro. A primeira foto é uma foto da escola. A segunda página tem várias fotos das aulas de educação física, e outras fotos do ano. Do lado, na 3ª página, tem uma foto da equipe de professores. Na próxima página, há uma foto da turma A. Ele observa um pouco.
-É mesmo. Eu não vou encontrar o nome de Yuki no livro. Antes de ele ser terminado, ela morreu.
Ele passa a página e olha as fotos da turma B. Ele encontra sua mãe. Ela era muito mais nova, é lógico, mas dava para reconhecê-la.
-Mãe... – ele acaba falando um pouco alto.
-Está vendo sua mãe? – perguntou uma voz. Era Luis – eu já o vi aqui antes. Quer dizer que o estudante transferido está matando aula na minha biblioteca? – perguntou ele, abrindo um sorriso amigável.
-Agora estou tendo uma aula que já tinha feito no meu antigo colégio. Então vim investigar algo. Minha mãe se graduou aqui em 1980. – disse Peter.
-Em qual turma sua mãe estudou?
-Minha mãe estudou na turma B.
Luis se aproximou do livro.
-Qual das alunas é sua mãe?
Peter aponta para uma garota com uma franja longa repartida ao meio.
-Sua mãe é Bárbara? – perguntou Luis.
-Conheceu minha mãe? – perguntou Peter sobressaltado com as palavras de Luis.
-Ah, sim. Mas diga-me. Fiquei sabendo que ela morreu. Quando exatamente ela morreu? – perguntou ele, virando-se para a janela e olhando para o lado de fora.
-Ah 15 anos atrás, pouco depois de eu nascer.
-Ah, entendo. Então foi assim...
A porta da biblioteca se abriu. Bruna estava parada na porta, com uma expressão bem séria. Peter estava com a cabeça baixa e não notou.
-Peter – chamou bruna.
Ele levantou a cabeça e avistou-a. Ele saiu de seu lugar e foi até Bruna.
-O professor pediu para você se dirigir à sala do diretor.
-Muito obrigado.
Ela se vira para ir embora, mas volta a olhar para ele.

-Permita-me pedir desculpas a você com antecedência. Perdoe todos nós. É pelo nosso bem. Peço que nos perdoe.

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