segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O resgate

Ana estava voltando de um passeio com suas amigas. Elas tinham ido ao shopping e Ana ia dar carona para uma amiga que morava perto de sua casa. Elas tinham ido ao shopping, viram um filme no cinema, lancharam e foram embora. Não eram nem 10 horas da noite. Ana parou na frente da casa de sua melhor amiga, uma rua movimentada, lojas e lanchonetes abertas quase vinte e quatro horas. Sua amiga desceu do carro, abriu o portão e entrou em casa. Ana acenou com as mãos, conferiu a rua, engatou primeira marcha, ligou a seta, e começou a movimentar o carro.

Marcos estava jogando mais uma partida de seu jogo favorito no vídeo game. Ele conferiu as horas no celular e pensou “ainda é cedo. Ela deve estar saindo do shopping agora. Daqui a pouco eu ligo”.

A porta do carro de Ana se abre e um rapaz entra no carro dela. Ela já ia gritar quando ele diz “quietinha moça, sem pânico. Ninguém aqui quer se dar mal, né?”. Ela engoliu o grito e ficou apreensiva. Pensou em todos os jeitos possíveis de sair dali, mas estava numa rua movimentada, não tinha como ela pular do carro. Ela certamente seria atropelada. Ela começou a suar frio.
“vai dirigindo ai dona. Agora pega a rua à direita, agora vira a esquerda...” o rapaz foi indicando o caminho para ela. ela começou a rezar em silêncio. Pensou em seus pais, pensou no seu namorado, pensou na sua amiga, que tinha acabado de sair do carro...

Os pais de Ana ligam para Marcos para saber se ele está com sua filha. “não, ela saiu com as amigas hoje” ele responde “ah, nós sabemos disso, mas pensamos que ela passou na sua casa antes de vir para cá. O filme deve ter acabado mais tarde” respondeu a mãe de Ana.

Ana já não fazia mais ideia de onde ela estava. Virou tantas ruas e entrou em tantos lugares estranhos que não sabia nem se estava na sua cidade. Ela olhou o painel do carro, mas não parecia ter dirigido tantos quilômetros a ponto de sair da cidade. Ela suava. O rapaz já tinha revirado o carro dela procurando por algo que interessasse ele. Mas só tinha o manual do carro. Ele revirou a bolsa dela, mas não encontrou nada de valor também.
“cadê o celular moça? Tu tem celular, todo mundo tem celular” ele perguntou revoltado. “Descarregou a bateria. Deixei carregando” respondeu ela.
Ele mandou ela virar em outra rua e seguir reto.

Carlos já começava a ficar inquieto. Nem o jogo estava mais divertido. Ele ligou para a amiga de Ana e ela afirma ter chegado em casa há mais de uma hora. Pronto. Agora sim há um motivo para  desesperar.
Ele liga para o numero de Ana. O celular toca, toca, toca e ela não atende. “merda” pensou ele. “o que será que aconteceu?”

Ana quase deu um pulo quando sentiu o celular vibrando. Ela tinha colocado ele dentro do sutiã, pois era mais rápido de pegar caso ele tocasse.
“Pára aqui moça” o rapaz disse. Ela parou o carro numa rua deserta, com apenas um poste piscando fracamente. O rapaz jogou ela para fora do carro, jogou a bolsa para ela, subiu no banco do motorista e levou o carro embora. Agora Ana estava em um lugar completamente desconhecido e deserto.
O telefone de Carlos tocou. Antes mesmo de perceber, ele já estava atendendo.
“Alô? Ana? Onde você está? Você está bem?”
Ana chorava, chorava chorava. Ela não conseguia dizer nada. Carlos tentou acalmá-la. “Ana meu bem, calma, você está bem? Foi assaltada? O que aconteceu?”

Ana procurava algo desesperadamente. Uma loja, uma lanchonete, qualquer coisa que fosse reconhecível. Depois de andar por meia hora, conversando com Carlos, ela finalmente achou um MacDonalds. “Amor, eu estou na frente de um MacDonalds, mas ele está fechado.”
Eu vou te achar Ana. Não se preocupe”  respondeu ele.

Carlos rodou a cidade. Foi em todos os MacDonalds que conhecia, mas nenhum deles tinha sua namorada sentada na porta. Ele conferiu pelo seu celular os MacDonalds existentes na cidade. Ele foi em todos eles. Ele dirigiu rápido pensando em sua namorada chorando, sozinha, num lugar estranho. Até que finalmente ele a encontrou.

Ana, ao ver o carro que ela conhecia bem, o carro que Carlos usava com frequência, saiu correndo. Ele abriu a porta e ela se jogou nos braços dele, chorando. Ele a abraçou com força, e as lágrimas de tristeza de Ana foram se transformando em lágrimas de alegria ao ser envolvida no abraço quente do seu namorado.
“obrigada. Obrigada por me salvar. Obrigada. Me tira daqui, por favor.”
Carlos colocou-a gentilmente no banco ao seu lado, e dirigiu todo o caminho enquanto Ana soluçava e dizia cada vez mais baixo “obrigada. Obrigada Carlos, obrigada” até finalmente cair no sono.



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