A sala que Peter entrou é uma pequena biblioteca. É a
biblioteca auxiliar, como uma placa do lado de fora indica. As luminárias dessa
biblioteca estão funcionando muito mal, várias estão apagadas, e as poucas que
estão funcionando piscam bastante, tornando o ambiente mais escuro, e portanto, impróprio para a leitura. Miki está sentada na mesa, desenhando. A
luz tênue que entra pela janela ilumina pouco, mas o suficiente para deixar o
ambiente claro. Peter cumprimenta Miki após fechar a porta atrás de si. Ele
caminha e fica ao lado de Miki.
- Tudo bem você entrar desse jeito? – pergunta Miki –
aqueles dois lá fora não tentaram te impedir?
- Não sei – responde ele – talvez sim. O que você está
desenhando?
Miki mostra o desenho para ele. É um esboço de um corpo
feminino sentado, com uma perna próxima do tronco e a outra esticada no chão.
Os cabelos parecem um pouco com os de Miki. Ao fundo, percebe-se que há
rabiscos apagados de outros desenhos, esses muito semelhantes ao de bonecas.
-Você está usando a sua imaginação ou usando algo ou alguém
como modelo?
-Não sei. Ambos, eu acho – respondeu ela, na sua voz mansa -
No final, darei a ela um grande par de asas.
-Ela é um anjo? – pergunta ele.
-Quem sabe? Talvez.
Ela volta a pegar no lápis para continuar seu trabalho.
Peter olha e pergunta algo novamente:
-O que você fazia embaixo da chuva naquele dia?
-Eu não odeio a chuva – disse ela, mas não respondendo sua
pergunta – A minha favorita é a fria chuva de inverno que vem antes da
temporada de neve.
-O que aconteceu com seu olho direito? Você o machucou?
Desde que nos vimos no hospital, tenho te visto com esse tapa olho.
-Você quer mesmo saber? – perguntou ela com um sorrisinho no
rosto.
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