Já é de noite e Peter está em casa. Ele está lanchando com
sua tia Júlia. Eles estão tomando suco e comendo algumas bolachas. Júlia
mistura um pouco de seu suco com leite, algo que ela costuma fazer, pois o
gosto fica melhor. Júlia usa os cabelos presos em casa, para tirá-los da frente
do rosto, e sempre usa roupas mais informais, como calça e blusa. Já na escola,
ela usa saias ou vestidos, o cabelo sempre solto, pois fica mais elegante para
uma professora assistente.
-Luís, você disse? – perguntou Júlia – ele é o responsável
pela biblioteca auxiliar, ou segunda biblioteca, como preferir. Ele já
trabalhava lá quando eu estudei a 9ª série. Ele sempre usa roupas mais escuras,
então as pessoas costumam achá-lo assustador.
- Ele agia como se fosse dono do lugar – disse Peter.
- Ele deve se sentir assim, não é? Ele por um acaso o
repreendeu?
- Não, não é isso. Jú, aquela sala sempre foi a biblioteca
auxiliar?
-Sim, aquela sala virou biblioteca auxiliar quando o novo
prédio do colégio foi construído.
Ela toma um pouco do seu suco com leite e faz uma cara muito
satisfeita.
-Você já escolheu algum clube para frequentar? – perguntou
ela.
- Bom, ainda não – respondeu ele – no meu antigo colégio eu
participava do clube de culinária.
-De culinária? Não é muito comum garotos de a sua idade
participarem de um clube como esses.
- Bom, tudo é culpa do meu pai. Ele ficava mais tempo no
trabalho do que em casa. Com o clube, eu aprendi a cozinhar muitas coisas, mas
meu pai não notava.
Então, uma lembrança invadiu sua mente. Peter acabou de
cozinhar um delicioso prato típico de um país, e foi algo extremamente
complicado. Seu pai chegou em casa, colocou os materiais de trabalho num canto
e sentou na mesa para comer. Ele começa a comer e Peter pergunta como está a
comida. Para sua surpresa, seu pai responde: “Desde que encha minha barriga,
para mim tudo é a mesma coisa”.
-Bom, mas eu estou interessado em participar do clube de
artes e hoje eu já recebi um convite.
-Você gosta de artes, Peter?
-Sim, é um dos meus interesses. Apesar de eu ser um péssimo
desenhista, eu gostaria de fazer uma faculdade de artes e me especializar em
técnicas de escultura. O que você acha, Jú?
-Bom – começou ela – isso é novidade para mim. Porém, vou
ter que te dar alguns conselhos. Em primeiro lugar, seu pai não irá gostar nada
da ideia. Em segundo lugar, mesmo que você termine o curso, será difícil achar
um bom emprego, pois seu diploma não será atraente para o mercado de trabalho.
Mesmo com habilidade e talento, você terá que ter sorte.
Peter começou a desanimar.
-Em terceiro lugar, se
esse é o seu sonho, você deverá investir nele. Mesmo que eu ou qualquer outra
pessoa diga o contrário, você não precisa ter medo. Desistir de algo que você
gosta sem ao menos ter tentado, é patético.
Nesse momento, Peter pareceu mais feliz e animado. Ele não
esperava que ela falasse isso.
-Você acha patético? – perguntou ele.
- Sendo patético ou não, a decisão será totalmente sua.
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