sexta-feira, 28 de março de 2014

Wiskys, motéis baratos

- Ale, antes que você saiba por outro, eu tenho algo a lhe contar.

Alessandra não entendia por que Marcela a olhava séria e falava num tom diferente. As duas eram amigas a 10 anos e não haviam segredos. Sua respiração acelerou.

- Quando a gente tava na festa da Bela, e você estava expulsando aqueles penetras bêbados, bem, aconteceu algo. Não sei porque, talvez porque estávamos meio bêbados, eu e o Lucas acabamos transando.

O mundo de Alessandra ruiu e desmoronou. Ela acaba de descobrir que seu noivo e sua melhor amiga a traíram na festa de sua própria irmã. Sua visão escurece e ela foge, meio cambaleando. Entra no primeiro ônibus que passa e desce em um lugar desconhecido.

Um milhão de pensamentos invadem sua mente enquanto veste a jaqueta, entra num bar e pede wísky. Ela toma cada gole bem devagar e desiste de tomar seu calmante. A última coisa que quer é desmaiar num lugar desconhecido, sem um ombro amigo para acudi-la.

Por que fizeram isso? Por que ela? Por que ele?

Essas e outras perguntas explodem em sua cabeça. Começa a andar sem sentido e pára para descansar seus pés, desacostumados a andar de sandálias.

Resolve não voltar para casa e dormir num motel. Seu telefone toca. É Marcela. Ela larga-o em cima da cama durante duas ligações. Depois, seu noivo liga.

- Eu já sei de tudo, Lucas. Não quero mais ouvir a sua voz ou a de Marcela novamente.

- Espere, Alessandra. Deixe-me...

- Não Lucas. Acabou.

Ao desligar o telefone, suas lágrimas explodem num choro. A visão dos dois trazia uma tontura. Queria um abraço, um colo em que pudesse soluçar. Mas agora seus dois portos seguros haviam afundados. Provavelmente pegaram fogo. Não importa. Ela não os veria novamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário