sábado, 21 de agosto de 2021

Ray - festa (parte 2)

Eu e Emma desviamos do mundo de calouros dançando e se pegando. Ela corria sem perder o fôlego, deu umas voltas desnecessárias pelo espaço da festa e depois correu pelos corredores do dormitório. Ela ainda apertava meu braço com força para não me perder na corrida. Só depois que saímos do prédio que entendi as voltas desnecessárias. Era para confundir Rich e seus amigos idiotas. Ainda fora do prédio, Emma não desistiu de correr e me arrastou para a praça principal do campus. 

Como era sexta à noite, era esperado que a praça estivesse completamente escura e sem pessoas circulando. Uns poucos casais aproveitavam a escuridão. Emma olhou aflita pela praça e finalmente começou a perder o fôlego, enquanto eu respirava com mais dificuldade. Então não só os músculos dela, mas seu pulmão me deram a certeza que ela com certeza praticava muito algum tipo de esporte, e já começava a desconfiar do que poderia ser. Ela então correu os olhos rapidamente pela praça, segurou meu braço novamente e me levou para dentro do banheiro masculino. Entrou numa das cabines e me puxou para dentro. 

Geralmente eu ficaria extremamente excitado com uma garota usando um vestido me puxando para dentro de uma cabine dentro do banheiro numa sexta à noite. Mas nem eu estava mais no clima para transar com a Emma e nem ela parecia estar no clima para qualquer coisa, pois estava assustada, o que era novidade. E transar na cabine do banheiro masculino era uma ideia fedida. Pelo menos as do banheiro feminino costumavam ser mais limpas. Ela estava de costas para mim e respirava pesado. Eu ainda estava um pouco ofegante devido a corrida, mas ela parecia mais abalada do que cansada. Me pergunto o que ela tem a ver com Rich e seus amigos de merda e como eles se conheciam. 

- Emma? - sussurrei baixinho. 

Ela se virou e pude ver lágrimas em seus olhos de esmeralda, mesmo na escuridão. Oh meu Deus, ela não está nada bem

- Psiu! Eles ainda não foram embora - ela me censurou. 

Ela parecia sem jeito e cruzou os braços sob o próprio corpo, como se estivesse se abraçando. Fiquei com receio de oferecer um abraço e ela entender errado, mas foda-se. Abracei-a. Ela afundou o rosto no meu peito e escondeu o choro sob meu casaco, deixando o abraço confortá-la. Aos poucos minha respiração foi se normalizando e pude perceber que apesar da Emma ter respirado pesado nesse tempo todo, seu peito não arfava como se estivesse se esforçando muito. Seu coração estava acelerado, mas também foi se acalmando. Ficamos assim por um tempo indeterminado. Percebendo que ninguém apareceu, soltei Emma do meu abraço e disse à ela:

- Vamos Emma, vou te levar em casa. Você precisa de pegar ônibus, táxi, alguma coisa assim? - Ela fez que não com a cabeça - Então vamos andando, te levo em casa e depois volto para a minha, pode ser?

Ela continuou em silêncio, mas abriu a porta da cabine do banheiro. Eu saí antes dela para averiguar o lado de fora e nada tinha mudado. Os casais no escuro. A música da festa ao fundo. O campus vazio. Nós fomos andando para a saída, ambos calados. Eu não a forçaria a falar. Ver a Emma andando normal e não saltitando era estranho, parecia que ela era outra pessoa. E mesmo que ela quisesse falar algo ela falaria para um cara que ela conheceu à uma semana? Acho que não.

Saindo do campus e andando pelas ruas do bairro, ela puxou a manga do meu casaco com a mão de leve, para me chamar a atenção. 

- Ray? - ela levantou os olhos para o meu rosto - será que eu posso ir para sua casa hoje? Tenho medo de que o Lucas vá na minha casa me procurar.

Ahhh não. Isso não, por favor. Já estava difícil de me controlar com ela só nos meus pensamentos.

- Não tem uma casa de alguma amiga que você possa ir? 

Ela respondeu um não silencioso. Revirei os olhos. Ótimo, a garota que eu quero transar está se convidando para ir na minha casa no dia que meu amigo não vai dormir lá e minha mãe não está em casa. Se não fosse o susto da festa, essa situação estaria perfeita, exceto pelo fato que eu não queria me envolver romanticamente com Emma e ela estava abalada. 

- Tudo bem, tudo bem....

Os olhos dela se iluminaram e aos poucos a Emma de antes foi voltando. 

- Por que você conhece o Lucas? - Emma perguntou.

- Na verdade eu conhecia o Rich, o idiota. Capitão do time de futebol e ex-colega de sala. Graças ao Phill eu nunca dei um soco na cara dele. 

Emma pareceu se divertir com aquilo, o que por um lado era um alívio ver que ela estava se recuperando do susto. O lado ruim é que o jeito Emma me fazia perder a linha e eu teria que me segurar naquela noite. 

- Lucas, o outro idiota - Emma disse - foi meu primeiro namorado. A gente começou a sair antes do primeiro ano do ensino médio. Ele era legal - Eu fiquei surpreso que Emma resolveu contar sobre isso - e o namoro esquentou como qualquer namoro de adolescente. Até aí, tudo bem. E as coisas continuaram normais e do nada o Lucas ficou possessivo. Não queria que eu treinasse mais, não queria que eu fizesse isso ou aquilo.

Ela chutou uma pedrinha e acertou uma árvore. Aprendi que quando as mulheres estão falando, é porque confiam em você. Ou porque estão muito bêbadas, mas esse não parecia ser o caso. 

- Ele começou a comprometer meus treinos com o TKD -  ahhh isso explica o porte atlético e os músculos - até que eu descobri que mais ou menos na época da mudança de atitude, ele ficou amigo de umas pessoas erradas. Aí o Lucas decidiu que não queria namorar só uma pessoa e começou a sair com outras garotas enquanto eu ainda acreditava que éramos namorados. Eu virei uma transa fácil para ele, porque eu estava sempre disponível.

Aquilo me ferveu o sangue. Pegar geral sem compromisso é uma coisa, mas pegar geral enquanto você está namorando alguém é deslealdade. Emma não precisava me dizer que as pessoas erradas eram Rich e seus outros amigos de merda. Aquele cara foi influenciado pelo pior merda do meu antigo colégio. Eu senti pena da Emma. Senti nojo do tal Lucas. Adicionei ele à lista de quem eu socaria se encontrasse pela frente. 

- Bom, descobri de um jeito ruim - Emma continuou - tive que fazer uns tratamentos médicos e psiquiátricos. Afetou tudo na minha vida, minhas notas, minhas amizades, meu treino, as competições e especialmente minha saúde. 2 anos depois eu já estava bem melhor após os tratamentos. Ao final do 3º ano eu já estava completamente recuperada. Peguei umas matérias extras no colégio para recuperar o tempo de estudo e passar no vestibular. Consegui passar na faculdade que eu queria. 

Emma voltou a ser a Emma das salas de aula. Saltitante, brilhante, animada, capaz de derreter um coração congelado. Até mesmo o seu próprio coração. Emma era muito forte, eu tinha que admitir, e não só fisicamente. Ela conseguiu que seu passado derretesse e ficasse para trás. 

- Por isso que atualmente eu não quero me envolver com ninguém. Quer dizer, namoro sério, essas coisas. Ainda quero transar com você Ray - alerta!! Perigo, perigo! - Você é sexy para caralho. 

Eu já tinha conseguido canalizar todas minhas energias em não ver a Emma como a mulher que eu queria transar naquela noite, e ela conseguiu dissipar meus esforços. Instantaneamente voltei a reparar em como seu vestido era esvoaçante com o vento e mostrava a curva da bunda dela. Droga.

Chegamos em casa. Levei Emma na cozinha e lhe ofereci algo para beber ou comer, mas ela não queria nada. Perguntei se ela queria tomar um banho antes de dormir. Ela pareceu querer aceitar a oferta, mas suas palavras pairaram no ar. Óbvio anta, ela não tem roupa para trocar nem para dormir. 

- Vou ver se tem alguma roupa da minha mãe para te emprestar Emma. 

Achei uns moletons antigos que não via minha mãe usando há anos. Até ela voltar eu lavaria e voltaria para o lugar certo. Deixei Emma tomar banho primeiro enquanto fui organizar o quarto ao lado do meu para Emma. Teoricamente seria onde Phill dormiria, mas como ele não voltaria naquela noite, não haveria mal em colocar Emma lá. E Phill e eu acabávamos jogando à noite inteira na maioria das vezes que ele dormia aqui também. Por precaução, dormiria hoje no sofá, bem longe da Emma. A que ponto cheguei, fugir dentro de minha casa da garota que eu quero transar!

Emma saiu do banheiro e eu entrei para tomar banho. Tomei um banho bem quente para amolecer os músculos das costas, que sempre tencionavam quando eu ficava ansioso com algo. Emma cantarolava alguma coisa pelo corredor. Saí do banho, coloquei minha roupa e fui indicar à Emma onde ela dormiria. Não era nem 1 da manhã ainda. Fui para o sofá da sala, e Emma me seguiu. Não Emma, volte para o quarto

- Então - ela disse sentando ao meu lado - não vai dormir?

Ela estava com um cheiro cítrico saindo de seus cabelos. Parecia laranja. Os moletons de minha mãe ficaram grandes em Emma. A blusa ficou caindo no ombro e ela ficou amarrando a calça com frequência. Puta merda, essa garota sabe ficar sexy até dentro de um moletom. Quero tirar aquele moletom logo. Quero tocar seu corpo. Quero beijar cada parte do corpo da Emma. Mas hoje não poderia. Hoje não.

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