sábado, 6 de abril de 2013

Luta


Ele estava exausto, o suor gotejando pela testa brilhante, a respiração ofegante, o coração pulsando rápido e o sangue espirrado no rosto já está seco.
Quase todos ao seu redor já estavam mortos, os corpos jogados no chão poeirento, o cheiro de sangue podia ser visto. Havia apenas meu oponente em meio aos cadáveres. A espada pesada em punho, a viseira abaixada, o capacete e a cota de malha, antes reluzente, estavam agora de um vermelho fosco.
O sol começava a descer no horizonte, os abutres já se alimentavam do amontoado de carne morta. Eu sabia que ambos estávamos muito cansados para lutar, então descansamos.
O restante dos homens, os que ficaram nas tendas, ajudaram a recolher nossos amigos mortos, fizemos os rituais fúnebres, oramos aos deuses para que ajudassem na vitória do dia seguinte. Enquanto jantávamos, conversamos sobre as mulheres que ficaram sem seus maridos e eu pensei em Sofia, minha noiva. Choramos pelos companheiros mortos, nossos irmãos de espada.
Minha noite foi agitada, visualizando a manhã seguinte, minha batalha com meu oponente.
A manhã finalmente chegou. Calcei minhas sandálias, minha cota de malha, meu capacete, peguei minha espada e meu escudo.
Parti sozinho para o campo que antes abrigava as almas inquietas que não haviam cruzado o Estige e foram habitar os Campos Elísios.
Meu oponente já estava com a espada em sua mão esquerda, o escudo na direita. A roupa dele agora reluzia um raio de sol que voltava a esquentar a areia.
Começamos a rodar em círculos, sempre um de frente para o outro, nos aproximando mais e mais. Ele não me atacou primeiro, o que foi uma surpresa. Quando estávamos bem próximos, investimos nossas espadas contra o outro e lutamos ferozmente. O único barulho que se ouvia era o baque de nossas lâminas e o pulsar do coração.
Eu aproveitava minha defesa para tirar vantagem e evitar seus ataques. Ele era muito ágil, forte e parecia não cansar tanto quanto eu. Mas isso não era um problema.
Dei um ataque em sua cabeça, fazendo voar seu capacete. Enquanto preparava meu golpe final, meu inimigo virou o rosto para me olhar nos olhos.
Era minha Sofia.

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