sábado, 29 de junho de 2013

Fuga

Não sei como meu namorado e meus amigos me acharam neste lugar. Eles também não quiseram me explicar. Agora estou voltando para casa. O cansaço me domina aos poucos, as placas da estrada passam pelos meus olhos até eu adormecer


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OK, talvez eu tenha me precipitado. Mas ficar dentro de casa era quase como ser convidado para uma câmara de tortura. Meu único momento de paz era somente durante o sono.Brigas, discussões, problemas, reclamações, desconfiança. Eu estava cansada de tudo aquilo.

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A solidão. As tristezas. Os choros. As portas batendo. O desespero. Eu não queria mais nada daquilo comigo. Queria me afastar, nem que fosse por um instante, somente para ter um motivo para sorrir. Queria fazer Jack cantar de novo enquanto eu sorrio, pois ultimamente ela chora, sentindo tudo que acontece comigo.

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Não sabia mais por qual estrada seguia. Não sabia mais para onde iria, nem para onde estava indo. As placas passavam, mas eu só prestava atenção nas de velocidade na própria estrada.

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Meu mp3, algumas calças, blusas, shorts, bermudas, meias, tênis, sapatos, pilhas, celular, laptop, carregadores, necessaire, toalhas, dinheiro, caixa de primeiros socorros, peças íntimas, amplificadores, caixas de som, documentos, dinheiro, um caderno, colchonete, roupa de cama, travesseiro, Wilbur, e minha inseparável Jack, minha companheira para todas as horas, uma linda Fender Stratocaster

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Bom, agora estou no meu siena, minha mochila com algumas coisas, aberta no chão do passageiro, o mp3 conectado à caixa de som. Estou me afastando cada vez mais e mais de casa, da minha vida, da cidade. Meu namorado e meus amigos podem me esperar enquanto eu fujo um pouco da realidade. Vou manter todos informados, mas nunca dos lugares onde estarei.

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Meus planos? Nenhum. Apenas viajar de carro por onde der.

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Bom, dormir no carro no meio da estrada. Tomar banho em restaurantes. Arrumar uma ponta de emprego na estrada. Nada mau.

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Comprei um GPS em São Paulo. Agora sei onde estou e quais caminhos pegar. Será que ligariam se eu tentasse atravessar alguma fronteira?

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Bom, só lembro de ter visto rostos conhecidos em uma cidade chamada Santa Fé de Nossa Senhora, ou coisa parecida.

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