terça-feira, 13 de agosto de 2013

Esqueça

Peter entra na sala, e todos alunos olham para ele. Eles rapidamente voltam aos seus lugares, tristes e calados. Ninguém comenta nada. Ninguém conversa sobre nada, nem mesmo sobre o acidente de Laura. Na hora do almoço o irmão de Débora e alguns garotos conversam sobre alguma coisa, mas quando Peter olha para eles, eles ficam em silêncio e cada um olha para um canto. Peter liga para Miguel. Ele demora um pouco para atender.
-Alô?
-Onde você está? – pergunta Peter.
-Er, na, quer dizer...
-Pare de gaguejar e me diga onde você está! – respondeu Peter, impaciente.
-No corredor, em frente à sala.
-Que coincidência, eu também. – respondeu Peter, com ironia.
-Eu estou no pátio – disse Miguel, com a voz carregada.
Peter desce e se encontra com Miguel. Ele está conversando com Bruna. Ele está um pouco incomodado com algo e ela está de braços cruzados, com uma expressão séria.
-Tentei ligar para você a semana inteira – começou Peter, dirigindo-se a Miguel – por que você não me atendeu?
-Er... – começou Miguel, embaraçado – eu estava muito ocupado, você estava doente...
Peter deu dois passos a frente. Miguel recua um pouco e Bruna permanece imóvel.
-Você disse que me contaria tudo em junho. Tudo relacionado ao incidente que aconteceu 25 anos atrás. E você também mencionou o “primeiro ano”. Esse primeiro ano é algo ocorrido depois do que aconteceu à Yuki, não é? O que diabos aconteceu?
-Acalme-se Peter. Consegue fazer isso? Eu reconheço que prometi, porém, acontece que...
-Aconteceu que a situação mudou – interrompeu Bruna.
-Exatamente – disse ele, adotando a mesma postura e tom de voz que Bruna usou – a situação mudou.
-Normalmente – Bruna começou a explicar – é dever do responsável pelas contramedidas lidar com esse tipo de situação. Porém, por causa desse linguarudo, a situação se tornou muito complicada.
-Ah, Peter, faça o seguinte – diz Miguel – esqueça que eu prometi isso, tá legal? Vai ser melhor.
-Pense nisso como um favor para a turma B – diz Bruna.
Peter olha para os dois e não fica satisfeito.

-Você me disse para não andar por aí com coisas que não existem, pois é perigoso. O que você queria dizer?

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