Neste momento, Miguel fica mais atrapalhado, engole seco e
olha para o chão. Enquanto isso, Bruna lança um olhar assassino para Miguel.
Ele gagueja um pouco. O telefone de Peter começa a tocar.
-O que diabos você estava fazendo? – grita Bruna para
Miguel.
-Eu apenas – tenta explicar ele.
Peter atende o telefone e se afasta um pouco.
-Alô?
-Peter, você está no
intervalo do almoço, não é? – pergunta Débora.
-Vamos, explique-se! – Bruna continua gritando com Miguel.
-Peço desculpas – responde ele, gaguejando.
-Você tem alguma ideia do que fez? – Bruna não abaixa o tom
de voz.
-O que houve? – pergunta Peter à Débora
-Peter, eu preciso
saber de uma coisa.
-Nós já temos problemas demais para resolver! – grita Bruna.
-Sobre o que? – pergunta Peter.
-Sobre a Miki, a Miki
Yuki, de quem você falou. Eu já conversei com meu irmão e liguei para você para
confirmar. Você tem certeza que ela existe?
-Ah sim, eu tenho.
-Ela está aí com você? Aonde ela está?
-Ela não veio à escola hoje. Por que isso tão de repente?
Por que você quer saber? E que barulho de vento é esse?
-Eu estou no telhado
do hospital. Aqui é o único lugar que meu celular tem sinal direito –
respondeu ela – olha, estou perguntando
porque ontem eu falei com meu irmão. Porém, ele se recusou a falar sobre
qualquer coisa comigo. Não importa se o assunto era sobre o que aconteceu 25
anos atrás ou sobre o acidente com a colega de vocês, ele não respondia. E
então, quando mencionei Miki pela segunda vez, ele olhou para mim como se eu fosse
louca e disse “do que diabos você está falando? Nossa turma não tem essa
pessoa.” E quando eu tentei insistir
no assunto, ele berrou comigo “eu já disse que não sei!”. Ele foi incrivelmente
obstinado. Além disso, ele parecia estar com medo.
-Não pode ser.
-Ele estava falando a
verdade. Ele não tem motivos para mentir.
Não pode ser. Eu já perdi as contas de quantas vezes falei
com ela. Definitivamente, não tem como ela não existir, pensa Peter.
-É mentira. Miki Yuki existe!
Nesse momento, Bruna já tinha parado de gritar com Miguel e
os dois observam a conversa de Peter. Débora sai do telhado e pressiona o botão
para chamar o elevador. Ela entra no elevador. O sinal do telefone começa a
ficar ruim.
-Débora? Consegue me ouvir?
-Acabei de entrar no
elevador. Preciso voltar ao trabalho – diz ela, pressionando um dos botões.
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