segunda-feira, 28 de julho de 2014

Uma manhã no apto 503 (II)

Eu sei que ele está preparando um café da manhã. Ele sempre é tão atencioso. Sempre tão cuidadoso. Sempre se preocupa se estou bem, feliz. São tão poucos homens assim.

Depois da festa, viemos para cá. Lembro de depois ter tirado a maquiagem e soltado os cabelos, ele me beijou. Foi tão bom sentir seu corpo colado ao meu. Lembro de ter desabotoado sua camisa com cuidado, ainda um pouco hesitante. Ele me levou às nuvens naquela noite. Tão perfeita.

Me levanto silenciosamente para escovar os dentes. Procuro a escova, mas quando tento segurá-la, minha mão a atravessa. Estou com minha lingerie. Tento segurar as coisas, mas simplismente não consigo. Vou atrás dele. Estou ainda sonolenta, portanto erro a porta. Quando me dei conta, já estava indo de encontro com a parede. A pancada não doeu e estou na outra sala. Há algo errado. Não estou como deveria estar. Percebo que estou como um fantasma.

Vou atrás dele, que está me procurando no momento. Espero no quarto, quando me vejo deitada na cama. Não estou morta, acho. Ele vê meu corpo, e fica desesperado, pois não tinha-o visto antes. Chega perto, e sente minha respiração. Ele não me vê.

O que fazer agora?

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Uma manhã no apto 503 (I)

Onde está você? Eu jurava ter te deixado dormindo quando saí para arrumar uma café da manhã especial....

Olhei para a cama desarrumada, mas ela não estava lá. Seus sapatos pretos ainda estavam do lado da cama, sua roupa jogada no chão, mas não a encontrei. Talvez no banheiro, pensei. Não, nada. Ouço um ruído de coisas na cozinha. Somente o vento que vinha da janela.

Enquanto procuro por ela na casa, relembro a noite. Ela estava com um elegante vestido preto, com um zíper prateado. Assim que chegou, tirou a maquiagem, soltou os cabelos. Mechas levemente onduladas caiam em seus ombros, deixando-a mais bonita e atraente. Tirei delicadamente seus sapatos, beijei-a. Sua pele tão macia me fez lembrar o quanto valeu a pena ter lutado quando me falaram que ela não me amava. Mas era tudo mentira, ela era bastante tímida.

Mas onde estará agora? Ela não deve ter saído de casa, não sem suas roupas. Começo a me preocupar.

Quando me viro novamante para o quarto, finalmente a vejo. Mas há algo estranho...

sábado, 19 de julho de 2014

Mais uma noite


Virei na Rua 4 e parei em frente a uma casa meio rústica, toda de tijolos, 2 andares, porta e janelas de madeira. Perfeita.
A prostituta me esperava. Estava com um roupão de seda e embaixo, algo que poderia ser um short e uma blusa. Paguei-lhe a quantia combinada e começamos.
Não fui gentil. Ela é paga para me dar prazer, não para sentir. Arranquei-lhe as roupas e joguei-a no tapete. Ela era bonita, de formas bem atraentes. Arrastei-a até o quarto e tombei-a na cama. ela gemia, gritava, arfava, contorcia. Ela me satisfez mais do que imaginei. Mostrei a ela partes do próprio corpo que ela nunca tinha visto.
Depois de acabar o serviço, levantei-me, lavei as mãos, tomei um rápido banho para lavar os fluídos corporais e fui juntar minhas coisas. Não deixei nada para trás.
Levei ela ao meu apartamento, pois não poderia deixá-la ali. Seria uma falta de cavalheirismo, pois ela me deu uma noite maravilhosa e inigulável.
Agora vinha a parte divertida, e diga-se de passagem, a mais fácil. Sumir com o que sobrou dela. Talvez uma mecha do cabelo para guardar de lembrança...

terça-feira, 15 de julho de 2014

Morte


Seu eu tivesse mais um segundo de vida, gostaria de receber um beijo seu. Assim, morrerei feliz, pois levaria um pouco de você ao paraíso. Teria meu beijo precioso até que você chegasse para me fazer companhia pela eternidade.
Seu eu tivesse um minuto a mais gostaria de me desculpar por todas as vezes que te fiz chorar. Me desculparia por todas as vezes que pensei que não valeria a pena ter continuado do seu lado.
Seu eu tivesse mais cinco minutos de vida, diria o quanto você foi especial para mim, o quanto deixou meu mundo sem sentido e o quanto fiquei fora da realidade enquanto estava do seu lado.
Seu eu tivesse mais um mês de vida, iria à Londres, Roma, Paris e Berlim com você, comer um pouco de cada comida e aproveitar cada segundo.
Seu eu tivesse três meses, iria à China e ao Japão, aprenderia a viver, aprenderia sobre o mundo oriental, a moda e as comidas típicas.
Mas eu não tenho todo esse tempo. Estou nesta cama, toda entubada, com uma camisola fina, cheia de aparelhos ligados e um tubo de oxigênio no meu nariz e você do meu lado.
Então lhe peço só uma coisa. Me dá um beijo?

Thus with a kiss, I die

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Assalto

Bruna estava andando na larga avenida e já estava escuro. Sua mochila estava muito pesada e ela voltava da aula de inglês. Seu dia tinha sido muito cheio, como de costume. Acordara cedo, teve aula, almoçou correndo para pegar um ônibus que a levaria até o outro lado da cidade trabalhar, para voltar mais tarde à sua faculdade para ter aula de inglês.  Definitivamente, um dia cansativo.
Finalmente ela estava a caminho de casa. Já mentalizava tudo que faria ao chegar em casa. Tomar banho, jantar e estudar bioquímica até de madrugada. Bioquímica era sua matéria favorita no semestre e ela se dedicava muito. Ela resolveu prestar atenção no caminho e um rapazinho de boné abordou-a com um estilete.
-Passa tudo que tem moça. Sem gritar.
Ela o olhou e o analisou. Era um rapazinho de boné de aba reta, magrelo e mais baixo do que ela.
-Garoto – começou ela com calma – tudo que eu tenho nessa mochila vale menos do que seu boné.
O menino hesitou, afroxou o estilete na mão, mas falou novamente:
-Sem lorota moça. Pelo peso disso aí, deve de ter muita coisa.
Bruna olhou para cima pensando “ó Deus, por que?”. Ela tirou a mochila das costas e disse:
-Garoto, se você me roubar, vai ter que aguentar o peso da mochila.
Ela entregou a mochila para o garoto, mas assim que ele a pegou, a mochila desabou no chão.
-Abre a mochila moça, vou pegar tudo então de valor – disse ele, apontando o estilete para a barriga de Bruna.
Ela se abaixou, abriu a mochila e começou a tirar as coisas de dentro. Carteira, cartão de ônibus, sombrinha, e tirou 4 livros enormes de dentro da mochila.
O garoto olhou tudo aquilo e mandou ela entregar o dinheiro.
-Não levo dinheiro para a faculdade. Tenho assistência e como de graça.
-Então me passa o cartão do ônibus, a carteira e o celular.
Ela abriu a carteira e disse:
-Não tem nada moço, só carteira de identidade e de biblioteca – entregou o cartão a ele – o cartão tem só 1,60.
Ele jogou o cartão de ônibus no chão e tomou o celular dela. Era um Nokia 2000, desse modelo bem antigo que só tem lanterna e jogo da cobrinha.
-Não tem nada não moça? – perguntou o rapaz olhando fixamente para os livros grossos na mão dela.
-Garoto, a não ser que você queira estudar zoologia e bioquímica comigo, me deixa ir. Eu tenho que ler esse livro ainda hoje – ela mostrou o de bioquímica para ele – como eu disse, tudo que eu tenho na mochila vale menos do que seu boné.
Ele guardou o estilete no bolso, tirou o boné e entregou a ela.
-Toma moça.
Ela começou a rir
-Pode ficar com seu boné, garoto.

Ele então foi embora de cabeça baixa, ainda olhando o boné. Bruna foi para casa sorrindo por dentro. “Foi uma boa ideia ter guardado o dinheiro do banco dentro dos livros” pensou ela enquanto entrava na rua da sua casa.

sábado, 5 de julho de 2014

Almoço de domingo

Era uma família pequena, um pai, uma mãe e uma filha. Mas foi naquele domingo que aconteceu...
Já  tarde de domingo como qualquer outra, o almoço já estava quase pronto:
            - Pai, estou com fome!
            - Eu também filha, mas sua mãe está demorando com o almoço.
            - Não é para menos! – e uma cara de nojo se formou no rosto dela – Mamãe está preparando jiló com buchada de bode, rabada, arroz com ketchup e feijão com mostarda!
            Grande silêncio. Só se ouvia o assobio da mãe e a panela chiando, sinal que a “tortura” iria começar logo.
            - Filha, não podemos comer, ou vamos passar mal!
             O pai pensa um pouco, vai até a porta da cozinha, chama a mulher e diz:
            - Querida, eu e nossa filha vamos comprar... comprar... comprar milho! É isso, nós vamos comprar milho!
            - Tá bom querido. Só não demore muito, pois vamos almoçar algo especial...
            O pai olha para a filha, faz uma cara boa. Os dois entram no carro e falam:
            - Para o restaurante!
            Entram no restaurante.
            - O que vocês vão querer? – perguntou o garçom.
            - Strogonoff, arroz e batata palha.
            Depois de saborearem a comida, voltaram para casa com o milho, “provando” que não foram a lugar nenhum, a não ser a mercearia da esquina.      
            - Meu bem – disse a mãe – vocês demoraram com o milho!
            - Pois é querida, a fila do caixa estava tão grande que nós dois comemos umas balinhas e perdemos a fome.

            - Essa não! – disse ela – justo hoje que eu joguei fora os restos de comida que tinham na geladeira, e fiz o seu prato favorito: arroz, batata palha e strogonoff!  

terça-feira, 1 de julho de 2014

Conto erótico nº2

Vamos meu bem. Fique quieta.
-Mas está quente!
-Mas isso é normal. É a sua primeira vez, não é?
-É!
-Meu bem, se você colaborar, acaba logo.
-Mas eu não quero isso mais.
-Mas vai deixar pela metade? O que dirão depois?
-Eu não me importo com o que dirão.
-Vamos conseguir terminar isso.
-Tá doendo. Tira. Ai!
-Você tá indo bem.
-Por favor, eu não quero.
-Vamos meu bem. Abra as pernas.
-Não!
-Abra as pernas. Senão, como eu vou colocar?
-Não coloca!
-Não tem como terminar se eu não colocar.
-Abrir as pernas como?
-Dobre os joelhos. Deixa eu ver bem a região, pra saber onde eu vou colocar.
-Tá quente! Tá doendo! Tira!
-Pronto, acabou.
-Posso por a roupa?
-Sim.
-Quanto deu?
-25 reais.
-Posso fazer uma pergunta?
-Claro!
-Por que você usou cera quente?
-Dói menos que a fria.