quinta-feira, 29 de novembro de 2012

o mistério


Nessa semana Miki faltou ás aulas, porém ninguém comentou com Peter nada a respeito da garota. Já está no final da semana. Ele está conversando com Gabriel e Miguel sobre jogos e livros e avista Miki fora da escola. Ele se despede rapidamente dos dois e corre para fora da escola. Miguel e Gabriel parecem apreensivos ao verem Peter correndo, mas não conseguem impedi-lo.

Peter passa pelo mesmo caminho que tinha feito da última vez. Peter começa a se lembrar da reação de todos quando ele menciona Miki, o que Débora tinha falado naquele dia, o sentimento misterioso que parece estar em volta dela. O mistério na mente de Peter está gradualmente tomando forma. E então ele percebe que perdeu ela de vista. Ele anda algumas quadras novamente e se depara com a mesma casa que tem uma janela oval, com uma boneca em seu interior. Ele decide entrar.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Utopia


Nasci na época errada. Falo isso para mim desde o momento que tomei conhecimento do fato.

Não sei se eu deveria ter nascido a muito tempo atrás, na Idade Média, no futuro ou mesmo numa época atemporal, que só existe no imaginário, no íntimo de cada um. No MEU íntimo.

Pelo meu espírito revolucionário, deveria ter nascido em alguma época de ditadura, em algum lugar onde havia pessoas insatisfeitas com a situação em que viviam, que tinham esperança de mudança. Elas faziam protestos, contavam umas com as outras por terem o mesmo ideal, não tinham medo do futuro em prol da mudança para melhor.

Pelo meu ego, talvez deveria ter nascido uma rainha inglesa, como Elizabeth I. Ela que governou sozinha, sem um rei. Derrotou a Invencível Armada espanhola, cortava a cabeça dos que irritavam-na, mandava e desmandava, sem ser criticada ou contrariada.

Pela escola, talvez num lugar que as pessoas não aprendam somente para passar de ano, no vestibular ou para ganhar pontos. Que elas estudem pelo prazer de aprender e levarem os conhecimentos adquiridos por toda a vida.

Deveria ter nascido em algum lugar no espaço-tempo em que as pessoas não levassem tudo que você fala para o sentido sexual - a não ser quando o assunto é sexo - e te zoassem pelo que é dito. Elas sabem que no contexto, o que é falado tem outro significado, mas gostam de provocar.

Eu deveria ter nascido numa sociedade em que o romantismo romântico prevalecesse, mas sem todas as fantasias exageradas. Uma sociedade em que casais aproveitassem seus momentos percebendo as coisas simples que trazem alegrias; haveria um sutil jogo de sedução entre os interessados. Um sorriso, um balançar de cabelo ou cabeça, um afago no rosto, um passeio. Hoje acontece tudo tão rápido, tão sem sentimento, que tudo é levado apenas para o prazer do momento. Pessoas se envolvem em algo verdadeiro e profundo cada vez menos.

Procuro viver numa realidade utópica, mesclando minha vida paralela com a real. Não dá certo, pois as pessoas com quem convivo não tomam partido de meus ideais. Acham que deveria ceder ao mundo.
Refugio-me no meu esconderijo do mundo.

I'm dreaming in colors of getting the chance
Dreaming of trying the perfect romance
In search of the door to open your mind
In search of the cure of mankind

sábado, 24 de novembro de 2012

Mistério


Peter segue Miki de longe, nunca a perdendo de vista, mas faz o possível para não ser visto. Ela vai andando calmamente por várias ruas da cidade, passando por um bairro mais calmo. Quase não há pessoas nas ruas, as casas são construídas mais próximas umas das outras. As ruas são levemente íngremes, mas nada muito preocupante. Ela foi passando calmamente pelas ruas e os corvos do local pareceram inquietos com a presença dela. Ela virou uma esquina e quando Peter foi atrás dela, ela tinha sumido. Ele andou algumas quadras, procurando por ela, mas não a encontrou. Ele continuou andando até que se deparou com uma casa um pouco grande. Ela tinha uma janela oval na frente, do lado da porta. Havia uma placa com os escritos “Os olhos pálidos ficam vazios com o crepúsculo do mundo”. Do lado, havia uma placa menor de madeira, “Ateliê Y”.
-Que lugar será esse? – pensou ele.
Ao olhar para cima, ele percebe que algumas plantas estão cobrindo parte da parede. Ele abaixa os olhos e vê outra placa. Ele anda um pouco na direção da janela. Ele percebe que o interior do local não possui luz. Então, ele desvia o olhar para dentro da janela. Há uma mesa dentro da casa, perto da janela. Em cima da mesa, há uma bonita boneca, mas a boneca é somente a parte acima da cintura. Seus braços estão segurando uma espécie de véu, seus cabelos são levemente cacheados e caem um pouco na frente do tronco. Apesar de a boneca estar com o que seria um vestido, não parecia que ela estava vestida, de tão transparente que era o tecido.
O celular de Peter toca no momento que ele está olhando a boneca. Ele não reconhece o número mas atende mesmo assim. Quando ele atende, era Débora do outro lado da linha, e ela tinha novidades.
- Ei Peter. É sobre o assunto que conversamos outro dia. Eu perguntei para meus colegas e um chefe, e parece que realmente uma garota faleceu na última segunda feira. Parece que ela estava no último ano do ensino fundamental.
Peter toma um choque com a informação que Débora acaba de lhe passar.
- Parece que ela era filha única – continuou ela – e os pais ficaram desolados com a perda.
Ele fica um pouco assustado e olha para frente, mas sem ver nada em específico. Pergunta para Débora, temendo a resposta:
-O nome, você ficou sabendo do nome da garota?
-Eu não tenho certeza, mas se não me engano, era Yuki ou Yuko. Era um nome parecido. Eu só fiquei sabendo do nome porque ouvi pelos corredores. Parece que ela fez uma cirurgia importante em outro hospital antes de ser transferida. A cirurgia tinha dado certo e ela estava começando a melhorar, mas depois começou a piorar...

A ligação caiu. Peter ainda está assustado, e continua a olhar para frente, incrédulo. 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Problemas


- O quê?! – pergunta Bruna revoltada – eu falto um único dia de aula e vocês deixam isso acontecer?
Laura e Gabriel ficam tão preocupados quanto Bruna está.
No entanto, Peter se despede deles e começa a seguir Miki. Eles olham para Peter indo embora e Bruna fica com mais raiva ainda. Ela abre a boca para xingar, mas não o faz. 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Ferrofluído

 Ferrofluído é composto por partículas ferromagnéticas suspensas. Mas esse vídeo diz tudo.






terça-feira, 20 de novembro de 2012

Lágrimas


Eu prometi naquele dia que não choraria mais. Não, eu não vou mais chorar. Além de não chorar, prometi a mim mesma naquele dia que jamais deixaria de buscar aquilo que me é tão precioso. Ninguém ira me atrapalhar agora.
Alguns meses atrás.
-E agora? Estou sozinha? É, parece que sim.
As lágrimas começaram a se formar em seus olhos, olhos castanhos, grandes e sempre brilhantes. Porém, naquele dia, como todos os outros, era exatamente esse brilho que chamava a atenção.  Ela observou com amargura ele se afastando em direção ao sol que se punha no horizonte. As palavras ditas naquela tarde ainda martelavam na cabeça dela. Uma lágrima escapou de seus olhos e desceu até o nariz.
O sol se pôs e ela continuou ali, parada, olhando para aquele relógio prata que ela tinha. Ele marcava as horas com extrema exatidão e ela o guardava com a própria vida. Ela ficou olhando para o sol que acabava de esconder seus últimos raios, e o relógio esfriou em sua mão. Era um relógio bonito, antigo, desses que as pessoas antigamente tinham presos aos casacos. A história daquele relógio ela desconhecia, mas o amava. Ela olhou as horas e tornou a olhar para o sol. Ele já tinha desaparecido. O céu ficou cinzento rapidamente, nuvens pesadas se formavam acima de sua cabeça. Ela apertou aquele relógio contra o peito e as lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto. Suas bochechas ficaram um pouco rosadas e a boca experimentou o gosto salgado que ela conhecia bem.
Os ventos começaram a soprar. Seus cabelos voaram para todos os lados. Ela alisou os cabelos com os dedos enquanto derramava mais lágrimas e soluçava. Começou a  chover. A chuva fria veio devagar e foi aumentando aos poucos. Quem sabe a chuva não lava minha alma? Perguntou ela em voz alta. Ela passou as mãos no rosto, abriu o relógio e olhou novamente as horas.  Uma gota pingou nele, aumentando o número 7. Ela o limpou, fechou-o e guardou-o no bolso. Ficou parada por mais um tempo indefinido e resolveu andar.
Foi caminhando lentamente, pensando em tudo que poderia lhe trazer felicidade, porém não conseguia. Ela então desistiu de pensar. Pôs as mãos no bolso da calça e foi andando para longe. Os cabelos já estavam todos molhados, colados ao pescoço. A blusa estava se encharcando e tornando-se transparente, revelando aos poucos, uma cor forte. A calça mexia com o vento e molhou-se toda, tornando mais escura. Ela segurava com força o relógio dentro do bolso.
As luzes da cidade começaram a iluminar a rua. O asfalto já estava escurecido pelas gotas de chuva, e os sapatos dela não deixavam nada mais como marca. Ela viu uma porta aberta, entrou e sentou num banco perto a uma bancada.
-Gostaria de algo, senhorita? – perguntou o homem detrás da bancada.
-me dê uma dose de uísque, por favor.
Ele encheu um copo e o entregou a ela. Ela sorveu a bebida aos poucos, sentindo prazer em cada gole. A bebida descia queimando-lhe a garganta. Ela pôs o dinheiro encharcado em cima da bancada e voltou à rua. A chuva já diminuíra e não ventava tanto quanto antes. Ela voltou andando para casa, relembrando de tudo que já lhe tinha acontecido. Chegou em casa, abraçou com força seu gato, que miava reclamando da água em seus pelos. Ela o soltou, secou-lhe com uma toalha e foi tomar banho. Tomou um banho gelado, para clarear as ideias. Chorou durante todo o banho, as lágrimas salgadas misturando-se a espuma do sabão escorriam por todo o seu corpo. Nunca mais disse ela nunca mais irei chorar prometeu ela a si mesma. Aquilo depende somente de mim, não vou entregar nas mãos de outra pessoa, terminou ela, solenemente.
Saiu do banho, sentindo-se muito mais leve. Não sorria, olhava com frieza ao redor. Pôs as roupas para secar, o relógio ao lado da cama. Abriu a tampa e olhou as horas. Olhou no calendário e marcou a data na tampa. Jamais vou me esquecer de minha promessa. Ela deitou a cabeça em seu travesseiro, seu gato aninhou-se em sua barriga e ronronou. Ela pôs a mão em cima da cabeça dele e começou a dormir.
Poucos meses depois
Por quê? Perguntou ela, sem obter repostas.  Por quê?  O corpo inerte lhe fez derramar lágrimas e ela se sentiu uma garota sem poder nenhum. Isso é uma causa nobre. As lágrimas rolaram fartas e ela experimentou o gosto salgado que já havia quase esquecido.
Alguns meses depois.
Eu prometi naquele dia que não choraria mais. Não, eu não vou mais chorar. Além de não chorar, prometi a mim mesma naquele dia que jamais deixaria de buscar aquilo que me é tão precioso. Ninguém ira me atrapalhar agora. Ela olhou para frente e procurou o relógio em seu bolso. Ele não estava ali. Ela olhou para sua cama e o viu com a tampa aberta. Ela foi até a cama, olhou as horas, olha para a tampa e a fechou com cuidado. Tornou a olhar para o mesmo ponto de antes, mas agora ela só sentia raiva. Isso não ficará assim. Pensou ela. Não me tornei mais fechada. Só não farei isso novamente. Não na frente, não vou passar pela mesma situação novamente. Eu não vou me esquecer disso.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Infinitivo

Ler. Amar. Pensar. Beijar. Adorar. Cantar. Dormir. Andar. Beber. Comer. Ouvir. Escutar. Olhar. Observar. Escrever. Chorar. Odiar. Desenhar. Dançar. Engolir. Sorver. Telefonar. Baixar. Viver. Caminhar. Balançar. Sonhar. Lutar. Observar. Abraçar. Respirar. Correr. Arfar. Comer. Saber. Rir. Partir. Socar. Lamber. Tomar. Chutar. Pedir. Jogar. Agir. Concordar. Emprestar. Levar. Carregar. Afundar. Enterrar. Cozinhar. Gritar. Cobrir. Dirigir. Depender. Desmoronar. Superar. Determinar. Eleger. Arrumar. Falhar. Fixar. Ganhar. Perder. Enforcar. Ajudar. Incluir. Mentir. Obedecer. Apontar. Deprimir. Apertar. Chover. Proteger. Reagir. Repetir. Relatar. Velejar. Viajar. Servir. Sorrir. Sobreviver. Lavar. Pensar. Nadar. Vencer. Suspirar. Morrer.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Dúvidas


-O que exatamente faz um responsável pelas contramedidas?
- Bem, resumindo – começou Bruna – eu sou a responsável por executar medidas emergenciais que protegerão a classe.
-Proteção? – indagou ele.
Bruna se aproximou de Peter. Ela olhava diretamente nos olhos dele enquanto falava:
- Você tem que entender a situação da Turma B e seguir as regras da classe, assim como todos nós seguimos.
-Bruna... – Laura pareceu inquieta e preocupada com o rumo que a conversa estava tomando.
- Espere... – Gabriel se aproximou de Bruna.
Os três foram conversar juntos para longe dos ouvidos de Peter, e começaram a falar baixo, para garantir que nada fosse escutado. Peter observa os três da entrada da escola ainda, quando, ele avista Miki entrando pela porta da lateral.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Perguntas


Aula de literatura. Formato dos poemas. Estilos. Vários poemas de vários países. Soneto, haiku, poema concreto, entre outros são aprendidos. Enquanto todos estão tomando notas, Peter observa a sala. Ele então nota que a carteira de Miki está vazia. Ao continuar olhando para seus colegas de classe, ele cruza seu olhar com os de Bruna, que olha para ele com um tom sério e nada amigável. Ela se vira para frente, ainda séria.
No fim das aulas, Peter e Gabriel andam juntos, pois seus armários são perto um do outro. Ele já está quase saindo quando Laura e Bruna aparecem.
-Peter, você já está indo embora? – perguntou Laura.
- Você tem um minuto? – pediu Bruna.
A conversa não é tão estranha, Bruna quer saber onde Peter nasceu, e descobre que foi no hospital de Wetherby, e pouco tempo depois de seu nascimento, Peter e sua família foram morar em Londres. E como a mãe de Peter morreu após o parto, ele havia voltado muito pouco para visitar a cidade.
-Entendo – respondeu ela.
-Por que a pergunta? – pergunta ele.
-Por que será que eu sinto que te conheço de algum lugar? – disse ela, mas sem falar diretamente com ele. Ela aprecia com raiva ou irritada – de onde será?
 - Já pensou que você pode estar me confundindo com alguém?
-Sim, mas esse é outro motivo que me leva às perguntas – respondeu ela, desviando o olhar para o lado – que coisa irritante... ah, desculpe, não falava de você, Peter. Estou irritada por que não consigo me lembrar claramente.
Laura pareceu preocupada com o humor de Bruna:
-Bru, não deixe que algo assim afete seu humor.
-Não se preocupe, isso é parte das minhas obrigações como responsável pelas contramedidas. Não posso permitir que algo impeça que meu trabalho seja realizado de modo incompleto.
Peter ficou olhando para as duas até que Bruna mencionou as contramedidas novamente. Não foi explicado ainda o que é isso e ele está curioso.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Morte


Certo dia me deparei com um indivíduo singular: uma mulher muito branca, bonita, de olhos e cabelos negros, com os lábios vermelho vivo. Usava jeans e regata preta, algo incomum para dias quentes e ensolarados.Apesar do ar-condicionado do hospital, fazia muito calor. Foi quando tive a oportunidade de conversar com a moça na sala de espera. Na verdade, tentei consola-la, pois após sua visita o paciente morreu. Ela chorava muito, dizia não querer ter feito aquilo, que ele tinha uma família amorosa, mas era necessário, porque ele já estava sofrendo demais. Eu perguntava o que ela tinha feito, mas ela só chorava.Abracei-a. Estava fria como gelo e seus cabelos cheiravam a chocolate. Quando tomei-lhe as mãos, ela parou de chorar no mesmo instante. Ficou muito séria, abriu uma agenda com capa de couro, folheou algumas páginas em silêncio e relaxou.Perguntei novamente o que ela fez, e sua resposta me congelou por completo. Ela me olhou nos olhos e respondeu friamente:- Eu o matei. Prolonguei além do que devia sua morte.
Depois disso, lembro somente de ter acordado em uma maca, o barulho de uma máquina medindo meus batimentos cardíacos e uma agulha espetada no meu braço levando soro às minhas veias.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Roubo


-Viu a Lua?
-Vi não. Ela já nasceu?
-Já sim. olha ela na janela.
-Pera. Hum, não apareceu ainda não.
-Não? Ué. Aqui ela já apareceu. Tá enorme. Branca. Linda.
-Deixa eu ir lá fora. Eu devo estar olhando para o lado errado.
-Tá bom, vai lá.
...
-Nada ainda. Eu acho que sei o que aconteceu.
-O que?
-Você roubou a Lua.
-Eu roubei a Lua? Como eu ia fazer isso?
-Eu não sei, mas essa é a única explicação.
Silêncio.
-Droga, como você descobriu?
-Eu conheço você.
-Roubei mesmo. E só devolvo se você me falar.
-Te falar o que?
-Você não me conhece? Então você sabe.
-Hum. Chocolate?
-Não.
-Morango?
-Não.
-Você é linda.
-Ahh, não.
-Devolve a Lua, por favor.
-Não.
-Te amo.
-Humm.
-O quê?
-Olha para o céu.
-Tá bom.
-Olha da janela do seu quarto.
-Olha, a Lua está nascendo...

sábado, 3 de novembro de 2012

Frankenweenie


Finalmente, após mais de 2 anos de espera, minha angústia chegou ao fim.
Um garoto jovem, um cão de estimação, amante das ciências sem amigos. Muitas pessoas não dariam nada por uma animação assim. Porém, enquanto muitos veem um fracasso, uma história vazia, Tim Burton mostra mais uma vez no que se pode fazer com esses elementos juntos. Amante do sombrio, do suspense e uma queda pelo teor gótico e mórbido, Tim Burton mais uma vez me surpreende com essa bela animação.
Victor [que me lembra muitíssimo o homônimo de A noiva cadáver] Frankenstein é um garoto sem amigos, que adora a matéria ciências e tem um único amigo seu cão de estimação. Esse cão interage com uma bela poodle do vizinho, chamada Perséfone [nome muito apropriado] Porém, seu pai só permitirá que ele participe da feira de ciências da escola caso o menino comece algo para interagir com as crianças, como por exemplo, beisebol. Eis então que a fatalidade ocorre. O cão, Sparky, corre atrás de uma bola de beisebol e é atropelado por um carro. Victor não consegue se consolar, e durante uma aula de ciências, ele tem uma ideia que ilumina sua mente.
Ele consegue trazer seu cãozinho de volta a vida. Porém, um colega de sala muito mala o chantageia, e a história vai tomando o rumo.




Apaixonante e belo. Sombrio e cativante. Tim Burton resgata alguns personagens de Frankenstein, do romance de Mary Shelley e o básico da história. A animação está em preto e branco, detalhe que para mim, fez toda a diferença na animação. Podemos mergulhar no universo que ele quer nos mostrar, sombrio, triste, tétrico. A aparência dos personagens ajuda muito na empatia de quem assiste. Edgar é um garoto corcunda que só de olhar você já percebe que ele não é coisa boa na história. Uma garota tem a aparência de quem acaba de levantar do túmulo, o que te passa um certo medo. Eu me simpatizei pela Elsa Van Helsing, talvez pelo fato de ela estar séria durante a trama e ter uma cachorra chamada Perséfone.

Uma coisa que me chamou muito a atenção foi que esse é um filme sem Johnny Depp E Helena Bohan Carter. Isso me animou, não porque eles sejam ruins. Muito pelo contrário, tenho grande admiração pelos trabalhos deles e cultivo uma certa paixão por cada personagem que eu conheço. Mas me animou porque Burton, Depp e Helena provam que não precisam sempre de fazerem algo juntos. Afinal, muitos filmes de Burton sempre incluem Depp e Helena. O filme ficou perfeito, e não senti falta nenhuma de nenhum do s dois.

Vale lembrar um detalhe muito importante. Frankenweenie (2012) não é a primeira animação de Burton. Não estou falando de  The Nightmare Before Christmas (1993) ou de Corpse Bride (2005). Estou falando de um curta produzido pelo próprio Burton, no ano de 1984, de mesmo nome. Burton tinha apenas 26 anos quando fez o curta. Esse curta, infelizmente, custou-lhe o emprego da Disney, que achou o desenho muito assustador. Não é que ela se arrepende e lança o The Nightmare Before Christmas e agora o Frankenweenie?

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Dúvida


Peter tem que voltar ao hospital ainda para fazer alguns exames e verificar se não terá a doença novamente. Sua avó não poderá acompanhá-lo dessa vez, pois seu avô está um pouco fraco. Sua avó desculpa-se um pouco, mas Peter diz que não há problema, pois ele está bem para ir sozinho até o hospital e sem problemas. No hospital, após as realizações dos exames e do médico ter lhe atendido, Peter vai até a ala que a enfermeira Débora trabalha. Eles criaram um vínculo forte, por compartilharem os mesmos gostos de leitura. Ela estava um pouco atarefada no momento, então Peter retorna à noite, um horário que ele sabe que ela não fica tão sobrecarregada.
Ele pega o elevador do prédio, e pressiona o botão do 5º andar. O elevador, ao parar, faz um grande barulho e as pesadas portas se abrem. O hospital está bem mais vazio e silencioso e somente Débora está trabalhando agora. Ela está organizando alguns históricos dos pacientes. Ela vê Peter e os dois vão tomar alguma coisa na lanchonete.
-Por que você está aqui, Peter? Problemas de novo?
-Não, apenas alguns exames de rotina. Ah, Débora, não é errado eu ficar aqui? Ah sim, obrigado pelo chá.
-Não, não tem problema. Não se preocupe.
Eles abrem o chá e começam a tomar um pouco. Peter começa a conversa:
-Sabe Débora, alguma coisa tem me incomodado. Você sabe se alguma garota morreu no hospital na última segunda feira? Eu ainda estava internado. Era fim de abril.
- Hum, você realmente estava internado nesse dia. Por que a pergunta?
-Aconteceu alguma coisa que me fez pensar a respeito – disse ele, lembrando-se de ter encontrado Miki no elevador e ela ter entrando no subsolo, onde havia o necrotério.
-Por que eu acho que você tem um bom motivo para me fazer essa pergunta? – disse Débora – bom, nenhum dos pacientes sob meus cuidados faleceu naquele dia.
- Bom, mudando de assunto – voltou Peter – você por um acaso viu uma garota com um tapa olha sobre o olho direito perambulando no hospital na última segunda feira? Ela usava uniforme escolar e tinha um cabelo curto.
-outra vez uma garota? Acha que ela era paciente da oftalmologia? Espere. Lembro de alguém ter comentado que uma garota veio a falecer. Estou certa que ouvi uma colega falar que sua paciente morreu, mas eu não lembro o nome dela. Quer que eu descubra para você?
- Você poderia fazer esse favor para mim? Não terá problema?
- Descubro sim. Basta que eu pergunte por aí. Se eu descobrir alguma coisa, ligo pro seu celular. Aí você me conta o motivo, está bem? E se alguém perguntar, eu digo que um paciente estava preocupado com uma colega de classe.
Peter agradeceu e foi até o elevador. Débora voltou a organizar os históricos. Peter pressionou o botão para chamar o elevador. O elevador abre as portas, rangendo um pouco. Ele entra e pressiona o botão do térreo, para voltar para casa. Ele vê por um instante Débora entrando na sala onde ela estava antes de Peter aparecer. Então a porta se fecha, e o elevador começa a descer.