quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Morte


Certo dia me deparei com um indivíduo singular: uma mulher muito branca, bonita, de olhos e cabelos negros, com os lábios vermelho vivo. Usava jeans e regata preta, algo incomum para dias quentes e ensolarados.Apesar do ar-condicionado do hospital, fazia muito calor. Foi quando tive a oportunidade de conversar com a moça na sala de espera. Na verdade, tentei consola-la, pois após sua visita o paciente morreu. Ela chorava muito, dizia não querer ter feito aquilo, que ele tinha uma família amorosa, mas era necessário, porque ele já estava sofrendo demais. Eu perguntava o que ela tinha feito, mas ela só chorava.Abracei-a. Estava fria como gelo e seus cabelos cheiravam a chocolate. Quando tomei-lhe as mãos, ela parou de chorar no mesmo instante. Ficou muito séria, abriu uma agenda com capa de couro, folheou algumas páginas em silêncio e relaxou.Perguntei novamente o que ela fez, e sua resposta me congelou por completo. Ela me olhou nos olhos e respondeu friamente:- Eu o matei. Prolonguei além do que devia sua morte.
Depois disso, lembro somente de ter acordado em uma maca, o barulho de uma máquina medindo meus batimentos cardíacos e uma agulha espetada no meu braço levando soro às minhas veias.

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