O professor Tetsuo então segura a faca com as duas mãos.
Seus olhos ainda estão muito arregalados. Ele murmura algumas palavras e seu
rosto está brilhando com o suor. Ele aponta a faca em direção ao seu pescoço.
Os alunos, sobressaltados, olham horrorizados para o professor, e tentam não
prever as ações dele. O professor abaixa a mão com dificuldade, ainda falando
palavras sem nexo. Uma de suas mãos solta a faca e a outra mão dá golpes no ar.
A gravata dele saí do lugar e balança um pouco com o movimento. Ele torna a
segurar a faca com as duas mãos e então crava com força em seu pescoço.
Ele afundou a faca um pouco mais e mexeu ela. Sangue
esguichou na mesa e nos alunos que sentavam na frente. a camisa branca do
professor adquire a mesma cor vermelha de seu sangue. A mochila e a mesa estão
totalmente sujos também. Ele parece engasgar. Peter não consegue acreditar no
que os olhos lhe mostram. O professor Tetsuo continua apertando a faca contra
sua garganta e encosta no quadro. Ele afunda ainda mais a faca, de modo que ela
atravessou seu pescoço. Ele parece perder as forças e retira a faca de seu
pescoço. Muito sangue esguicha de sua garganta, respingando em todos os alunos,
carteiras e chão. Os joelhos do professor cedem e seu corpo desaba no chão, a
faca escapa-lhe das mãos e cai ao lado do corpo ensanguentado. O sangue que
jorra da garganta do professor começa a espalhar pelo chão. Todos os alunos
começam a gritar ao mesmo tempo, levantam-se de suas carteiras e saem da sala
correndo, sujos de sangue e atordoados. Algumas meninas desabam das carteiras
em estado de choque. Peter se levanta e se aproxima do corpo do professor
Tetsuo, com uma mão na garganta. A mão de Peter desce e pára no peito, como se
ele estivesse com dificuldades de respirar.
Luís vem correndo pelo corredor, atraído pelos gritos. Ele
encontra uma aluna com o rosto coberto de sangue, encolhida no meio do
corredor.
-O professor Tetsuo. Ele...
Ela não consegue falar mais nada. Luis corre e chega à sala.
Todos os alunos estão do lado de fora, chorando, gritando. Ele entra na sala e
manda o restante da turma sair daquela sala. A professora Júlia está parada na
porta, com uma cara aterrorizada.
-Rápido Júlia. Ligue para a polícia e para o hospital.
Ela sai correndo, segurando o choro.
-Alguém ficou ferido? – pergunta o professor a Peter – você
está bem?
Miki está em pé, perto de Peter. Ela não parece estar
preocupada.
-Peter, vamos embora. Aparentemente, ignorar a existência de
dois alunos não funcionou.
Os dois saem da sala e se deparam com Bruna consolando uma
garota, com uma expressão muito dura. Ao lado dela, estão Jacque e Tomas. Os
três levantam um olhar sério para os dois. Jacque e Bruna estão,
particularmente, com um olhar de ódio.
-É tudo culpa sua – disse Bruna, olhando para Miki e
Peter – Miki Yuki, se você estivesse
seguido as regras, ninguém teria morrido. Por causa de Peter, Miki desfez seu
papel. Por você, Peter, andar com ela, a morte de Laura, foi culpa de vocês!
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