terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O Quarto

O professor Tetsuo então segura a faca com as duas mãos. Seus olhos ainda estão muito arregalados. Ele murmura algumas palavras e seu rosto está brilhando com o suor. Ele aponta a faca em direção ao seu pescoço. Os alunos, sobressaltados, olham horrorizados para o professor, e tentam não prever as ações dele. O professor abaixa a mão com dificuldade, ainda falando palavras sem nexo. Uma de suas mãos solta a faca e a outra mão dá golpes no ar. A gravata dele saí do lugar e balança um pouco com o movimento. Ele torna a segurar a faca com as duas mãos e então crava com força em seu pescoço.
Ele afundou a faca um pouco mais e mexeu ela. Sangue esguichou na mesa e nos alunos que sentavam na frente. a camisa branca do professor adquire a mesma cor vermelha de seu sangue. A mochila e a mesa estão totalmente sujos também. Ele parece engasgar. Peter não consegue acreditar no que os olhos lhe mostram. O professor Tetsuo continua apertando a faca contra sua garganta e encosta no quadro. Ele afunda ainda mais a faca, de modo que ela atravessou seu pescoço. Ele parece perder as forças e retira a faca de seu pescoço. Muito sangue esguicha de sua garganta, respingando em todos os alunos, carteiras e chão. Os joelhos do professor cedem e seu corpo desaba no chão, a faca escapa-lhe das mãos e cai ao lado do corpo ensanguentado. O sangue que jorra da garganta do professor começa a espalhar pelo chão. Todos os alunos começam a gritar ao mesmo tempo, levantam-se de suas carteiras e saem da sala correndo, sujos de sangue e atordoados. Algumas meninas desabam das carteiras em estado de choque. Peter se levanta e se aproxima do corpo do professor Tetsuo, com uma mão na garganta. A mão de Peter desce e pára no peito, como se ele estivesse com dificuldades de respirar.
Luís vem correndo pelo corredor, atraído pelos gritos. Ele encontra uma aluna com o rosto coberto de sangue, encolhida no meio do corredor.
-O professor Tetsuo. Ele...
Ela não consegue falar mais nada. Luis corre e chega à sala. Todos os alunos estão do lado de fora, chorando, gritando. Ele entra na sala e manda o restante da turma sair daquela sala. A professora Júlia está parada na porta, com uma cara aterrorizada.
-Rápido Júlia. Ligue para a polícia e para o hospital.
Ela sai correndo, segurando o choro.
-Alguém ficou ferido? – pergunta o professor a Peter – você está bem?
Miki está em pé, perto de Peter. Ela não parece estar preocupada.
-Peter, vamos embora. Aparentemente, ignorar a existência de dois alunos não funcionou.
Os dois saem da sala e se deparam com Bruna consolando uma garota, com uma expressão muito dura. Ao lado dela, estão Jacque e Tomas. Os três levantam um olhar sério para os dois. Jacque e Bruna estão, particularmente, com um olhar de ódio.

-É tudo culpa sua – disse Bruna, olhando para Miki e Peter  – Miki Yuki, se você estivesse seguido as regras, ninguém teria morrido. Por causa de Peter, Miki desfez seu papel. Por você, Peter, andar com ela, a morte de Laura, foi culpa de vocês!

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