sábado, 18 de janeiro de 2014

O que aconteceu

Dentro da grande sala da casa, todos os alunos estão reunidos para ouvir o que a professora Júlia tem a dizer.
-Amanhã nós iremos ao templo que fica na montanha para rezarmos pela nossa segurança. Vocês podem ir aos quartos. São três pessoas por quarto. Assim como foi feito 15 anos atrás. - Acrescentou ela em voz baixa.
-Obrigada por escolherem nossa casa. – falou uma senhora com um avental, a dona do lugar.
Ela estava ao lado do marido, ele também com um avental. Aparentemente, eles estavam na cozinha.
-Obrigada vocês por nos receberem nesses 3 dias – agradeceu a professora Júlia.
-É um prazer recebê-los aqui. Os quartos já estão prontos e se precisarem de alguma coisa é só pedir a mim ou ao meu esposo.
Miguel, Gabriel, Peter, Lucas e Miki estão reunidos no quarto de Miguel, Gabriel e Peter. os três garotos contaram a Lucas sobre a fita e se reuniram para ouvir o restante. Gabriel trouxe, além da fita consertada, um toca-fitas. Eles colocaram a fita desde o início, para que Lucas pudesse ouvi-la e entender seu conteúdo.
Agora prestem atenção, pois essa é a parte mais importante. Aconteceu algo muito importante no sopé da montanha. Aconteceu na floresta, um pouco longe do alojamento. Eu acabei discutindo com um rapaz. Nós começamos a brigar e acabamos partindo para uma luta. Eu o empurrei com muita força, ele tropeçou e caiu para trás, batendo em uma árvore. Como ele demorou muito para se levantar, fui vê-lo. Então eu percebi. Eu percebi que ele estava morto. Um ramo atravessou ele e o matou.
Assustado, corri de volta para o alojamento. Não consegui dormir nada durante a noite. Estava com medo que alguém pudesse descobrir o corpo. Porém, de manhã, nada de diferente tinha acontecido. Por isso fui até o local onde discuti com o garoto. Mas não estava lá. O corpo não estava lá. Tinha sumido. Tudo desapareceu. O sangue, as marcas deixadas no chão, o ramo estava intacto, não havia nenhuma pista sobre o acidente. Fiquei assustado.
Voltei e resolvi perguntar sobre o garoto aos outros colegas. “Ele, aquele rapaz já voltou?”. Porém, eles me olhavam como se eu tivesse doido até que um deles me falou “Victor, você está falando sobre esse rapaz, mas que é ele?”.
Eu fiquei nervoso. Então me disseram que havia somente 20 estudantes. Mas eu tenho certeza que éramos 21. Foi então que eu percebi. Talvez o estudante que eu tinha matado era o aluno extra. Ironicamente, o que eu fiz salvou nossa turma da maldição. Depois disso, nenhum aluno ou familiar morreu depois da excursão. E a evidência real de que eu matei o aluno extra é que ninguém mais se lembrava dele. Sua existência tinha sido apagada, assim como a memória dos outros a respeito do rapaz.
Como o morto não estava mais em nossa turma, o número de alunos voltou ao número original, acabando com a maldição. E como eu era o único envolvido com a morte dele, era o único que se lembrava.

Por isso, resolvi fazer isso. Eu sabia que não ia demorar muito para esquecer este fato. Esta é minha confissão. Se vocês ainda estão se perguntando como se para o que chamam de calamidade ou maldição, só há um meio de o fazer. Matem o morto. Mandem o morto de volta para a morte. 

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