Dentro da grande sala da casa, todos
os alunos estão reunidos para ouvir o que a professora Júlia tem a dizer.
-Amanhã nós iremos ao templo que
fica na montanha para rezarmos pela nossa segurança. Vocês podem ir aos
quartos. São três pessoas por quarto. Assim
como foi feito 15 anos atrás. - Acrescentou ela em voz baixa.
-Obrigada por escolherem nossa
casa. – falou uma senhora com um avental, a dona do lugar.
Ela estava ao lado do marido, ele
também com um avental. Aparentemente, eles estavam na cozinha.
-Obrigada vocês por nos receberem
nesses 3 dias – agradeceu a professora Júlia.
-É um prazer recebê-los aqui. Os
quartos já estão prontos e se precisarem de alguma coisa é só pedir a mim ou ao
meu esposo.
Miguel, Gabriel, Peter, Lucas e
Miki estão reunidos no quarto de Miguel, Gabriel e Peter. os três garotos
contaram a Lucas sobre a fita e se reuniram para ouvir o restante. Gabriel
trouxe, além da fita consertada, um toca-fitas. Eles colocaram a fita desde o
início, para que Lucas pudesse ouvi-la e entender seu conteúdo.
Agora prestem atenção,
pois essa é a parte mais importante. Aconteceu algo muito importante no sopé da
montanha. Aconteceu na floresta, um pouco longe do alojamento. Eu acabei
discutindo com um rapaz. Nós começamos a brigar e acabamos partindo para uma
luta. Eu o empurrei com muita força, ele tropeçou e caiu para trás, batendo em
uma árvore. Como ele demorou muito para se levantar, fui vê-lo. Então eu
percebi. Eu percebi que ele estava morto. Um ramo atravessou ele e o matou.
Assustado, corri de
volta para o alojamento. Não consegui dormir nada durante a noite. Estava com
medo que alguém pudesse descobrir o corpo. Porém, de manhã, nada de diferente
tinha acontecido. Por isso fui até o local onde discuti com o garoto. Mas não
estava lá. O corpo não estava lá. Tinha sumido. Tudo desapareceu. O sangue, as
marcas deixadas no chão, o ramo estava intacto, não havia nenhuma pista sobre o
acidente. Fiquei assustado.
Voltei e resolvi
perguntar sobre o garoto aos outros colegas. “Ele, aquele rapaz já voltou?”.
Porém, eles me olhavam como se eu tivesse doido até que um deles me falou
“Victor, você está falando sobre esse rapaz, mas que é ele?”.
Eu fiquei nervoso.
Então me disseram que havia somente 20 estudantes. Mas eu tenho certeza que
éramos 21. Foi então que eu percebi. Talvez o estudante que eu tinha matado era
o aluno extra. Ironicamente, o que eu fiz salvou nossa turma da maldição.
Depois disso, nenhum aluno ou familiar morreu depois da excursão. E a evidência
real de que eu matei o aluno extra é que ninguém mais se lembrava dele. Sua
existência tinha sido apagada, assim como a memória dos outros a respeito do
rapaz.
Como o morto não
estava mais em nossa turma, o número de alunos voltou ao número original,
acabando com a maldição. E como eu era o único envolvido com a morte dele, era
o único que se lembrava.
Por isso, resolvi
fazer isso. Eu sabia que não ia demorar muito para esquecer este fato. Esta é
minha confissão. Se vocês ainda estão se perguntando como se para o que chamam
de calamidade ou maldição, só há um meio de o fazer. Matem o morto. Mandem o
morto de volta para a morte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário