A fita começou a rodar e então veio a voz de um Victor anos
mais novo do que aquele que eles viram na lanchonete.
Bem, meu nome é
Victor. Sou um estudante da turma B, do ano de 1980, da 9ª série. Vou me
graduar logo. Estou no meu quarto no momento, gravando essa fita, e quando
terminar, pretendo escondê-la em algum lugar da nossa sala. Se alguém encontrar
essa fita, presumo que será um aluno da turma B. Se você está ouvindo essa
fita, provavelmente você é um aluno da turma B e não está sozinho. Você deve de
estar aterrorizado pois provavelmente está sofrendo com a calamidade, maldição,
fenômeno, como queira chamar. Tenho duas razões para gravar essa fita e
deixá-la para as futuras gerações. A primeira é a confissão de um pecado.
Preciso contar isso a alguém. E a segunda razão é deixar uma mensagem, um
conselho para os jovens. A mensagem se refere ao morto que aparece na turma B e
ao ciclo que se manifesta em consequência dessa manifestação. Eu sei como
pará-lo. Mas acho que devo começar do início.
Nossa turma realizou
uma excursão em agosto. Ficamos 3 dias e duas noites, no dia 8 de agosto, eu
acho. Fomos a um campo, e lá perto tinha um templo, o templo de Wetherby. Nosso
professor sugeriu que fossemos até lá e rezássemos, pois assim a maldição iria
embora. Éramos 20 estudantes. No segundo dia, escalamos a montanha com nosso
professor, em direção ao templo. Porém o templo não recebia visitas há um bom
tempo. Nós nos juntamos e limpamos o templo, catamos folhas secas. Ele estava
velho e não recebia manutenção, havia sido esquecido. Depois de limpo, nós
rezamos todos juntos e achamos que isso seria suficiente para acabar com a
maldição. Nós acreditamos porque o professor disse com tanta confiança “acabou.
Tudo ficará bem agora”. Porém não havia acabado. Aquela maldição não seria
terminada de forma tão fácil.
Na volta, começou a
chover. E a chuva virou uma tempestade rapidamente. Enquanto voltávamos, a
primeira pessoa a morrer foi um colega meu, Cristiano. Ele foi imprudente. Ele
resolveu usar o guarda-chuva dele, mas nós estávamos em um lugar alto. Ele
estava próximo de mim, então eu fiquei cego. Ele foi atingido por um raio e
morreu. Eu ainda tenho pesadelos e me lembro do corpo caído e eletrocutado.
Então todos os estudantes começaram a gritar e correr desesperados. Eu também
corri. Então uma garota desesperada escorregou e caiu num buraco. Ela bateu a
cabeça nas árvores e nas pedras. Nós não pudemos ajudar nenhum dos dois. A
única coisa que podíamos fazer e chegar na base da montanha e pedir por
socorro. Rezar no templo não ajudou nada.
Agora prestem atenção,
pois essa é a parte mais importante.
Porém, a fita ficou em silêncio por um tempo. Os quatro se
entreolharam e ouviram passos vindos do lado de fora da sala. A maçaneta da
sala começou a girar e eles entraram em pânico. Miguel abre o toca fitas e
retira a fita de lá enquanto os outros se escondem. Entra um professor, olha em
volta, não percebe nada de estranho e volta a fechar a porta. Cada um sai de
onde estava escondido quando Gabriel vê que a fita está nas mãos de Miguel,
porém ela estava com toda a fita desenrolada, presa ao toca-fitas. Quando
Miguel assusta, ele puxa a fita e ela se arrebenta.
-Ah, não pudemos ouvir a parte mais
importante!
-Calma, é só consertar a fita –
disse Gabriel, calmamente.
-ela pode ser consertada? –
perguntou Miguel aflito – então conto contigo – disse ele, entregando a fita
para Gabriel.
-Não tem problema de deixarmos com
você a fita, Gabriel? – perguntou Peter.
-Não, farei o meu melhor para
consertá-la.
Eles deixam a fita com Gabriel e
vão embora.
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