sábado, 11 de janeiro de 2014

Parte A

A fita começou a rodar e então veio a voz de um Victor anos mais novo do que aquele que eles viram na lanchonete.

Bem, meu nome é Victor. Sou um estudante da turma B, do ano de 1980, da 9ª série. Vou me graduar logo. Estou no meu quarto no momento, gravando essa fita, e quando terminar, pretendo escondê-la em algum lugar da nossa sala. Se alguém encontrar essa fita, presumo que será um aluno da turma B. Se você está ouvindo essa fita, provavelmente você é um aluno da turma B e não está sozinho. Você deve de estar aterrorizado pois provavelmente está sofrendo com a calamidade, maldição, fenômeno, como queira chamar. Tenho duas razões para gravar essa fita e deixá-la para as futuras gerações. A primeira é a confissão de um pecado. Preciso contar isso a alguém. E a segunda razão é deixar uma mensagem, um conselho para os jovens. A mensagem se refere ao morto que aparece na turma B e ao ciclo que se manifesta em consequência dessa manifestação. Eu sei como pará-lo. Mas acho que devo começar do início.
Nossa turma realizou uma excursão em agosto. Ficamos 3 dias e duas noites, no dia 8 de agosto, eu acho. Fomos a um campo, e lá perto tinha um templo, o templo de Wetherby. Nosso professor sugeriu que fossemos até lá e rezássemos, pois assim a maldição iria embora. Éramos 20 estudantes. No segundo dia, escalamos a montanha com nosso professor, em direção ao templo. Porém o templo não recebia visitas há um bom tempo. Nós nos juntamos e limpamos o templo, catamos folhas secas. Ele estava velho e não recebia manutenção, havia sido esquecido. Depois de limpo, nós rezamos todos juntos e achamos que isso seria suficiente para acabar com a maldição. Nós acreditamos porque o professor disse com tanta confiança “acabou. Tudo ficará bem agora”. Porém não havia acabado. Aquela maldição não seria terminada de forma tão fácil.
Na volta, começou a chover. E a chuva virou uma tempestade rapidamente. Enquanto voltávamos, a primeira pessoa a morrer foi um colega meu, Cristiano. Ele foi imprudente. Ele resolveu usar o guarda-chuva dele, mas nós estávamos em um lugar alto. Ele estava próximo de mim, então eu fiquei cego. Ele foi atingido por um raio e morreu. Eu ainda tenho pesadelos e me lembro do corpo caído e eletrocutado. Então todos os estudantes começaram a gritar e correr desesperados. Eu também corri. Então uma garota desesperada escorregou e caiu num buraco. Ela bateu a cabeça nas árvores e nas pedras. Nós não pudemos ajudar nenhum dos dois. A única coisa que podíamos fazer e chegar na base da montanha e pedir por socorro. Rezar no templo não ajudou nada.
Agora prestem atenção, pois essa é a parte mais importante.

Porém, a fita ficou em silêncio por um tempo. Os quatro se entreolharam e ouviram passos vindos do lado de fora da sala. A maçaneta da sala começou a girar e eles entraram em pânico. Miguel abre o toca fitas e retira a fita de lá enquanto os outros se escondem. Entra um professor, olha em volta, não percebe nada de estranho e volta a fechar a porta. Cada um sai de onde estava escondido quando Gabriel vê que a fita está nas mãos de Miguel, porém ela estava com toda a fita desenrolada, presa ao toca-fitas. Quando Miguel assusta, ele puxa a fita e ela se arrebenta.
-Ah, não pudemos ouvir a parte mais importante!
-Calma, é só consertar a fita – disse Gabriel, calmamente.
-ela pode ser consertada? – perguntou Miguel aflito – então conto contigo – disse ele, entregando a fita para Gabriel.
-Não tem problema de deixarmos com você a fita, Gabriel? – perguntou Peter.
-Não, farei o meu melhor para consertá-la.

Eles deixam a fita com Gabriel e vão embora.

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